Buenas Gauchada!
O trelele, hoje,
vai ser curto.
Quando firmar o
dia, eu e o Eleutério, queremos estar no pé do cerrito, para arrebanhar o gado
encarapitado lá em riba, por causa do repíque do aguaçal, que acontece quando
crescem as águas, nas invernias de julho.
- Ô Eleutério,
anda duma vez! Hoje a lida vai ser pegada, e nós temos que chegar cedo, senão a
gadaria se espraia pelos charcos e aí, como tu sabes, a coisa preteia e, além de
trabalhar dobrado, ainda ficamos sem pelar a coruja, não é mesmo?
Mas, báh, tchê!
Entonces, comu nóis vamu ficá todu dia infiadu nus campu cheiu d’água, prá aguentá
u tiraum, vô aprepará um farnel campero – aquela linguiça infumaçada, qui tá
pindurada nu varal du fogaum e umas gajeta castilhana – prá forrá u panduiu.
Ah! I prá invitá
qui a tal da gripe dê in nóis um culepe, vô impelegá uma boteja de canha, daquelas
qui tãum detráis das tuia da bóia.
- Te para, tchê!
E vê se deixa de arrodear, porque se o repique nos pialar, aí sim, adeus tia
chica. Só vamos juntar aquele gado depois da enchente mermar. E isso pode
demorar um monte de dias.
Além do que,
neste próximo final de semana, vou na defesa civil, aqui da região, levar os donativos
que recolhemos pela vizinhança, para que sejam entregues às vitimas das
enchentes no Vale do Rio dos Sinos.
- Nu qui tu faz
munto beim, parcero. Só queim já si inrredô nus aguapé de lá, qui neim eu, é
qui cunheci u chero du inxofre qui sai das venta du marditu.
- Que é isso,
companheiro? Já tiveste que nadar de poncho naquelas águas?
- Já, sim, cumpadre!
Nus anu sessenta, trabaiei in Saum Liopoldo, tratanu duns bichu na pracinha dus
brinquedu.
Na praça – a
Daltru Filhu – tinha um zoológicu nanicu, qui ficava quasi na isquina da Rusevelt
cum a José Bonifaciu - in frente a venda du Seu Grohmman i da Livraria Uniãum.
Buenu, in agostu
de mil novecentu sessenta i um, u Brizola disinrabichô Sapucaia de Saum
Liopoldo, i, in feverero de sessenta i dois, a bicharada da pracinha foi
arrebanhada i levada pru Hortu Florestal da Viaçaum Férrea, qui ficava in
Sapucaia.
In maio, nesse
mesmu anu, u Brizola inventa di transformá u Hortu in jardim zoológicu. Agora,
vê si tu adiscobre qual a bicharada qui começô tudu? I queim tomava conta
dessis bichinhu? – Só pudia sê eu, né? Pos naum é qui dizium qui eu era inté
capaiz di falá cum eles.
Entonces, tudo
impeçô anssim, mas insiguidita, vierum uns tatu i umas mulita du Alegrete, uns
quati de Livramento, uns papagaio i umas arara de Iraí, umas caturrita de Cachoera,
umas cobra i uns lagartu de Lajeadu, uns porcu du matu de Quaraim, umas Siriema
de Urugraiana i umas onça pintada da Vacaria.
Ainda chegarum
sorru i graxaim de Santiagu, a galinhama de Esteiu, uns viadu camperu de Bagé i
uns catinguero de Pelotas, uns bugiu de São Chicu i uns gambá de tudu qui era
lugar.
Tamém tinha mais
um monte de bichu, de toda parte du pagu i inté de otras querência, comu:
liaum, tigri, ursu, canguru, hipopotamu, elefante, girafa, gurila, camelu,
zebra i, por aí, em diante.
Pos, cumpadre, essa
bicharada, se viu cum a cincha apertada numa dessas inchente, quanu crescerum
as água du arroio Jusé Juaquim i si represarum cum as du Sinus. A bicharada si
mandô, toda, pru meiu du matagal.
Passadu uns
tempitu, u bandu das caturrita, veio mi contá qui, prá sussegá u fachu, us
bugiu, nus matu, armarum uma bailanta, adonde a macacada, misturada cum us
gambá, as galinha i us viadu, arreglô um entreveru, i aí, toda a bicharia acabô
si mesclanu.
Entonces, me
mandei prá vê u sururu da bicharada.
A la pucha,
tchê! U qui vi foi um bichu furunfandu cum otro. Ninguém perduava ninguém, numa
mistureba surubenta qui inté Deus duvida.
Venu aquela poca
vergonha, priguntei: Ô bicharada, o que tá si passanu por aqui?
Ninhum dus
alimal me deu qualqué pelota, i comu vi qui, di jeitu ninhum, eu naum ia mudá
nada, entonces gritei: Já qui vocêis, taum cedo, naum vaum pará cum essa
suruba, por lo menos façam comu u elefante, usem camisinha!!
Foi aí qui u
bugiu, qui roncava num fole de gaita, depois duma baita gargaiada, mi
respondeu, quasi morrenu di si ri: U elefante naum tá usanu camisinha, cosa
ninhuma. Ele tá mesmu, é sapecanu a papa pintu.
Fonte! Chasque Charla de Peão da semana passada - especial para todos os pais do Rio Grande e de toda esta terra em redor que chamamos de mundo, por Juarez Cesar Fontana de Miranda, escritor e poeta nativista dos pagos de Cidreira (RS), publicado no Jornal Regional do Comércio. Contatos: juarezmiranda@bol.com.br ou jornaljrcl@terra.com.br
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