quinta-feira, 30 de abril de 2020

Concluído diagnóstico administrativo do MTG e da FCG

O Movimento Tradicionalista Gaúcho e a Fundação Cultural Gaúcha apresentaram, ao Conselho Diretor do MTG, na quinta-feira, 23 de abril, o diagnóstico de gestão administrativa das duas entidades. O trabalho teve duração de 12 semanas e foi realizado em quatro etapas (coleta de informações, análise dos dados, identificação dos problemas e proposta de intervenção), analisando, entre outras, as áreas de finanças, marketing, vendas, recursos humanos, jurídico, fiscal, logística e processos.

Segundo o documento, assinado pela presidente do MTG, Gilda Galeazzi, e pelo então Diretor Jurídico do MTG e hoje Vice-Presidente da FCG, Maxsoel Bastos, o levantamento foi realizado de acordo com critérios jurídicos e técnicos, com análise das receitas e despesas mensais, forma de funcionamento das entidades, quadro de funcionários, contratos com terceiros, passivo judicial e administrativo e documentos das entidades que dão suporte às transações.

No MTG, algumas das principais constatações foram a falta de documentos físicos e eletrônicos nos arquivos, centralização financeira muito concentrada em um único funcionário, notas fiscais com CNAE diferente da prestação do Serviço Realizada, insegurança de dados e sistema com indícios de violação e também sistema de internet obsoleto e custos indenizatórios sem relatório de despesas e viagens, entre outros.

Já na FCG, o diagnóstico aponta para, entre outros, desorganização operacional, falta de estoque preciso de bens a venda e ausência de controle de entrada e saída de recursos preciso, dificuldade para se obter informações, valor do caixa em dinheiro muito elevado e pagamentos através dele de despesas administrativas e salários, saída de funcionários para eventos com custo elevados com reflexo em passivos trabalhista.

O documento também assinala as estratégias e medidas necessárias para o controle e qualificação das atividades desenvolvidas pelo MTG e FCG. No que toca a estabilização da credibilidade, por exemplo, são sugeridas ações como redução dos custos operacionais, gestão de caixa e negociação das anuidades e renegociação das que estão em atraso.  No aspecto liderança, o documento sugere implantação do executivo chefe, análises gerenciais e gestão compartilhada e descentralizada.

Segundo Maxsoel, alguns dos resultados eram esperados, pois muito do que foi constatado são erros cometidos pelos administradores de muitas empresas e entidades. "A implantação do sistema de ERP vai organizar e trazer este fluxo de informações (fiscais, contábeis, financeiras e operacionais) que são tão necessários para a tomada de decisões estratégicas", afirma. Por outro lado, alguns resultados foram inesperados e mereceram um espaço especial no diagnóstico final. 

Algumas providências, desde que a gestão atual assumiu, já foram tomadas e a expectativa é de que em 30 dias esteja tudo funcionando e as mudanças realizadas. "A pandemia do Covid-19, que tanto nos assola, acabou colaborando para que pudéssemos, neste período de recesso de eventos, com todo o cuidado, fazer as análises e mudanças necessárias", analisa. 
Segundo Maxsoel, tudo foi feito com a orientação e supervisão da presidente Gilda Galeazzi e do vice-presidente de administração e finanças, César de Oliveira.

O documento na íntegra pode ser acessado no link https://bit.ly/359KzMZ. 

Fonte! Chasque de Sandra Veroneze, remetido por chasque eletrônico (e-mail). 

Museu Ergológico de Estância Os Angueras

O nome foi escolhido a partir da sugestão do poeta e historiador Apparício Silva Rillo. De origem Guarani, "Angüera" significa "espírito que volta" ou "alma que se devolve ao corpo", um pouco estranho a primeira vista, mas, logo, compreensível, pois o "Angüera" antes triste e caladão, virou cantador e tocador de viola, depois que os padres das Missões o batizaram e lhe deram o nome de Generoso e, assim, na mitologia missioneira "Angüera" pode ser considerado o patrono da música e da alegria gaúcha.

Chamado Museu da Estância, é ou pretende ser um repositório dos móveis, utensílios, veículos e trastes em geral que amparam o curso temporal das Estâncias ou Fazendas no Rio Grande do Sul e, genericamente e por extensão, de outros objetos que fizeram florescer esses estabelecimentos pastoris gaúchos. Nessa perspectiva, reúne sob seu teto todos aqueles elementos da cultura material gauchesca que, direta ou indiretamente, ajudaram o homem da região da Missões e da Fronteira (de que São Borja é uma espécie de divisor de águas), a consolidar, de 1801 e esta parte, a sociedade de pastoril - modernamente transformada em agro-pastoril - de que fazemos parte, dinamizada no tempo e no espaço por nossos ancestrais.

Um grande número de peças e elementos do que poderíamos chamar de "civilização do gado" em nossa região, não mais existem ou estão em vias de acelerado desaparecimento. Por isso a urgência de uma instituição como esta, onde, com o vagar e a pertinácia que os ideais como esse requerem, se possa reunir essas peças em processo de extinção - antes que, num amanhã cada vez mais próximo, seja impossível reuní-las. A chamada memória regional se deteriora a cada novo dia. Vimos perdendo nossas origens materiais a cada hora que passa. E entendemos - nós, de Os Angüeras - que temos compromissos com as gerações vindouras para que tal não suceda. Que fique pelo menos este Museu de pé, a contar o que fomos e de onde viemos. 

  Notícia: Documentário ‎Barranca nas Fronteiras da Arte e da Vida Site: Apparício Silva Rillo
Site: Museu Ergológico de Estância Os Angueras
Vídeo: Museu Ergológico de Estância Os Angueras
Vídeo: Herança de Apparicio Silva Rillo
Imagem: Museu Ergológico de Estância - Os Angueras 
Mais imagens sobre Museu Ergológico de Estância, “Os Angueras”

Sobre 

Fundado em 10 de março de 1962, com atuação permanente nos campos da música, do teatro, da literatura regional e da pesquisa de folclore, o Os Angüreas - Grupo Amador de Arte, surgiu a partir do Departamento Cultural do chamado "Clube dos Dez" - grupo de amigos que se reuniam, periodicamente, com objetivos os mais variados. 

Os fundadores do Grupo foram: Apparício e Suzy Rillo; Carlos  e Maria Moreno; José e Magda Bicca; Sady Santiago e sua noiva Ana Rosa; Darwey e Mariazinha Orengo; Telmo de Lima Freitas e Vicente Goulart. 

De um desses encontros, surgiu a primeira música do Grupo: "Valsinha de Trazontonte" - Letra de Apparício Silva Rillo e Música de José Lewis Bicca. Logo em seguida a dupla compôs "Canto a Angüera" e, a partir daí, além das inúmeras canções publicadas, o Grupo encenou peças teatrais, montou jograis, realizou bailes e jantares, participou de inúmeros festivais nativistas, dentre eles, como registro histórico, destacamos  a participação no mais antigo festival de música nativista do Rio Grande do Sul - Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana - com sendo o primeiro grupo a subir no palco para apresentar a primeira música (andarengo). Assim, antes mesmo do surgimento dos festivais o grupo já cantava e cultuava as coisas do Rio Grande. Fazendo, então, a partir disso, a construção de um repertório próprio, com letras de Apparício Silva Rillo e músicas de José Lewis Bicca. 

Fonte! Chasque publicado no sítio oficial Portal das Missões. Abra as porteiras e veja os demais retratos, clicando em: https://www.portaldasmissoes.com.br/site/view/id/1116/museu-ergologico-de-estancia-os-angueras.html?fbclid=IwAR06IHGmp6viC1REkgKhF7EXBlD4sOslBCoGctKeneEnxAo6o8g_zpvg5n4

quarta-feira, 29 de abril de 2020

A Décima Orelha!

O Brasil respirava seus últimos dias do império, a abolição da escravatura trouxe um inconformismo para os fazendeiros do Brasil e estancieiros do Rio Grande do Sul, todos queriam que o Império ressarcisse o investimento na mão de obra escrava.
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João Tibúrcio Amarantino Chaves, casado com a uruguaia Valenciana Montelino, era dono da estância São Sebastião perto de Dom Pedrito junto com seus filhos.
Tibúrcio, era cruel, costumava matar seus desafetos e arrancar a orelha esquerda, colocando num colar de couro de 5 tentos, na quarta orelha, passou a atribuição para seu filho mais velho João Gregório, que aumentou as orelhas para oito.
O colar ficava acima da lareira, do galpão dos peões. O capataz Joca sabia da história de cada orelha e contava as histórias nas noites em que todos ficavam contando causos na beira do fogo.
 
- São bons patrões, mas quem ousar trair os Chaves, perde a orelha e até a vida se for necessário. – falava Joca

Mariano que era filho da cozinheira Maria e do antigo peão Timóteo, criado na estância, logo se tornou empregado, mas foi criado por ali e brincava desde guri com a caçula Valéria filha do Tibúrcio.
 
Pois se enamoraram, a moça acabou nos pelegos de Mariano e engravidou, e naquele tempo se alguma filha solteira de um fidalgo ficasse grávida, era isolada pelos pais, depois seu filho era arrancado dos seus braços e doado a um convento, filho bastardo, não pertencia a família. Assim aconteceu com Valéria que ficou grávida.

Os pais dela João Tibúrcio e Valenciana, isolaram a filha até nascer a criança, seu filho foi arrancado dos seus braços, para seu desespero. Depois ela foi expulsa da estância mandada para a casa da irmã de Tibúrcio, Filomena Chaves em Pelotas.

Timóteo, Maria e seu filho Mariano foram expulsos da fazenda, o fruto do pecado foi entregue na Roda Expostos no convento Nossa Senhora da Esperança de uma cidade próxima, era um menino sem nome.

Essa roda era um buraco no muro dos conventos onde eram deixados filhos rejeitados, enjeitados, ali se colocavam os nascituros, batia-se um sino e girava uma roda sobre um eixo e a criança então podia ser criada como órfão pelas freiras.

João Gregório, rondava Mariano, encontrou ele um ano depois num baile, chamou um peão e armaram uma cilada para Mariano na saída do fandango o peão que se dizia amigo disse que Valéria estava esperando ele no Passo dos Lagartos, a seis horas da tarde na entrada da Estância. Mariano foi e lá covardemente foi assassinado por Gregório e dois capangas, propósito do ato era de lavar a honra da família. Gregório entregou ao pai a orelha esquerda do Mariano como prova de que honra da família estava lavada. Gregório reuniu os peões, abriu o colar e ali colocou a NONA orelha, para que todos vissem o que acontecia para quem ousasse enfrentar a família Chaves e sua honra.

Filomena Chaves, irmã do Coronel Tibúrcio, ficou sabendo da morte do Mariano e como aconteceu, tinha mágoas profundas com o irmão, viajou de carruagem até o convento e resgatou o menino a peso de ouro e levou para sua estância.
 
Criou ele como um filho junto a mãe Valéria e registrou com o nome de Valeriano que era a mistura de Mariano com Valéria.

Tibúrcio no ano de 1870 matou com um tiro Belarmino, noivo de Filomena, foi numa carreira de cancha reta, alegou legítima defesa, mas na verdade não concordava com a união de um Rodrigues com os Chaves, pois Belarmino era imperialista e Tibúrcio republicano, além de brigas por divisas de terra, eram lindeiros. Foi o início do colar de orelhas, passou a faca na orelha esquerda de Belarmino, enfiou ela num tento e levou para a sua estância, depois veio a segunda, terceira e quarta orelha.

Filomena nunca casou, era mulher de um homem só, remoeu sua dor e ressentimento dentro de si.

Direcionou todos os sentimentos do seu coração para seu filho adotivo, junto com sua sobrinha que era mãe do rapaz.

Valeriano foi criado sabendo de tudo, aprendeu a arte da luta, da guerra, se tornou um espadachim na maestria de lidar com adaga, espada, faca curta, sabre, além de excelente atirador. Filomena conhecia o colar tétrico feito de orelhas ressequidas que ficava no galpão.

Gregório tinha muitos filhos, mas a mais bela era Jasmim, era sua menina mimosa, caçula, também os mimos do avô Tibúrcio.

Chegou a revolução de 1893, guerra violenta e fraticídia, famílias se imolaram, a degola sangrou muitas gargantas, estupros diante de pais.

Gregório com quatro irmãos lutaram pelos republicanos nas tropas do Coronel Carlos Telles, Valeriano era o jovem militar federalista na revolução, nas tropas de José Tavares. Quando a revolução terminou, Tibúrcio teve o saldo de dois filhos mortos, vítimas do horror implantado pela violenta revolução que enterrou dez mil gaúchos.

Num baile de conciliação entre maragatos e Picapaus, Gregório viu que o abonado filho do estancieiro José Bonifácio Serqueira Andrades, Adão Boaventura Andrades se engraçou pela bela Jasmim, José Bonifácio tinha campos nos vales férteis de Caçapava e tinha nos seus campos dez mil cabeças de gado.

Tibúrcio e Gregório faziam questão de unir as famílias dos Andrades com os Chaves.

Neste baile, tinha um jovem desconhecido, Valeriano, bonito, garboso e atrevido, por fração de segundos chegou na frente de Adão Boaventura e tirou a prenda Jasmim para dançar.

Jasmim se encantou pela destreza do jovem que chamou a atenção pela forma como dançava, pelo porte parecia um dançarino de outras plagas, mas na verdade, aquela postura era por ser um espadachim treinado em cada movimento, agarrou a cintura fina da prenda mais linda do baile e rodopiaram. Ali nascia uma paixão, um amor arrebatador, para o triste olhar de Adão Boaventura.

Tibúrcio e Gregório faziam sinais para Jasmim parar de dançar, mas foi em vão, a música não parava, a poeira subia no salão e bailaram como se fossem namorados.

O baile teve um intervalo, então Gregório falou que ela teria que dançar com Adão Boaventura, e assim fez, mas era um dançarino sem graça, e enquanto ela dançava seus olhos buscavam Valeriano e ela não se conteve. Agradeceu a Adão e parou de dançar. Então Valeriano voltou e dançaram o restante da noite, sobre o olhar furioso de Gregório e do avô Tibúrcio.

No outro dia, Valeriano foi até a estância se apresentou como estancieiro em Pelotas, sem revelar que também era um Chaves e que Jasmim era sua prima. Pediu permissão para namorar com ela.

Gregório pediu duas semanas, para dar a resposta. Uma semana depois Adão Boaventura foi até a estância dos Chaves e pediu a mão de Jasmim em casamento o que foi imediatamente aceito por Gregório, para desespero de Jasmim. Ele então avisou a filha que dentro de um mês casaria com Adão.

Valeriano tinha um espião na estância que relatou o fato para ele que estava parando na casa de um amigo no pequeno povoado, perto da estância.
Duas semanas depois foi até a estância. Chegando lá Gregório foi seco e grosseiro:

- Minha resposta é não. Minha filha já está prometida.
 
- Mas não estava quando vim, o que aconteceu?

- Não te devo satisfação, monte no teu cavalo e vá embora.

Valeriano que estava perto da porta do Galpão, disse:
 
- Sim irei, mas antes quero ver se é verdade o que dizem, de um tal colar de orelhas.

E caminhou em direção da Porta.

- Ei, seu atrevido, vá embora antes que sua orelha faça parte desse colar.

Entrou e viu que realmente o colar era real, ali estava ele com aquelas orelhas ressequidas.

- Qual dessas é do meu Pai Mariano, Tio Gregório? – Perguntou ironicamente para Gregório.

- Tio ... tu é o bastardo da Valéria?
 
- Em carne e osso.

Tibúrcio que ouviu a conversa, entrou.

- Como descobriu que era filho da Valéria, não tem como saber disso, foi largado lá por mim sem documento.

- Fui resgatado, por minha tia avó Filomena, não tinha identificação mas tinha data da entrada e minha mãe Valéria teve o parto um dia antes.

- O que tu queres aqui, vai-te embora, não é bem vindo aqui.

- Eu me apaixonei por Jasmim. Deixe ela escolher com quer casar.

- Desaforado, vou arrancar a Décima orelha e colocar naquele colar, vai ficar coladinho com teu pai, seu bastardo de merda, vai morrer chorando que nem ele, implorando pela vida! – Foi até a lareira onde estava pendurada uma espada e desembainhou ela.

Veridiano carregava a sua na cintura.
 
- Tem certeza que quer fazer isso meu Tio.

- Ué, prá que usa uma, para enfeite. Vamos quero ver se sabe usar uma espada.

- Bom se é isso que deseja. – Desembainhou a sua.
 
As espadas tilintaram, e logo Gregório sentiu que estava diante de um conhecedor da arte, avançou afobado, e seus botões foram arrancados com a ponta da espada.

Valeriano ia lavrando o corpo de Gregório de riscos e depois de cansar seu adversário num gesto de maestria arrancou a espada da mão e com uma destreza descomunal passou a navalha afiada da espada rente o Crânio e decepou a orelha de Gregório. que caiu sentado, vendo sua orelha no chão, no desespero tentou agarrá-la, mas Valeriano com a ponta da espada espetou a orelha com sua espada e disse:

- Essa orelha pertence aquele colar. Só vou te deixar vivo, porque não mato o pai da mulher que amo. – Foi até a lareira, com a ponta da espada retirou o colar de orelhas e jogou no fogo que ardia na lareira e junto deixou escorrer a décima orelha que também caiu no fogo.

Nisso chega aflita Jasmim, que viu o duelo, chorando pelo seu pai, com o rosto ensanguentado, com o coração dividido, pois torcia por Valeriano.
 
- Jasmim, chegou a hora de decidir, tu ficas e casas com o tal de Adão, ou parte comigo agora, não temos tempo.
 
Ela olhou para seu pai e disse:
 
- Não tenho escolha meu pai, se puder um dia me perdoar. Serei completamente feliz. – Dizendo isso partiu a galope com Valeriano, Tibúrcio que foi pegar seu rifle Nagant apontou a arma, mas não podia puxar o gatilho, pois acertaria as costas de sua neta.

Gregório mandou encilhar os cavalos, reuniu dez peões, colocou uma bandana que cobria suas orelhas, e partiu rumo a perseguição do casal. O casal tinha meia hora de vantagem. Contudo Valeriano e Jasmim foram para a estação de trem, faltava quinze minutos para ele sair rumo a Bagé, Gregório seguiu em direção a estrada que levava a estância de Filomena, depois de dois dias cavalgando chegaram na estância, só encontraram Filomena e Valéria que alegaram que Valeriano depois da revolução nunca mais tinha voltado para estância e isso fazia dois anos.

O ENCONTRO
 
Valeriano estava na outra estância em Bagé. Tiveram cinco filhos, mas teve um dia que Gregório encontrou Valeriano.
 
Foi cerca de dez anos depois, Tibúrcio, já cansado de viver, com 98 anos conheceu seus netos na estância de Bagé, levado pela filha Valéria, com a promessa de não revelar o lugar para Gegório que não aceitava a traição da filha nem o fato de perder a orelha para Valeriano. Já Tibúrcio com o peso da idade e vendo o fim chegar queria se reconciliar com a sua neta Jasmim, porém foi seguido por Gregório.
 
Na grande linda estância Santa Helena, Tibúrcio viu a prosperidade, chegando lá foi apresentado aos bisnetos, então pode ver sua neta Jasmim, se abraçaram. Porém um peão que estava alerta avisou Valeriano que três homens numa carruagem entraram na fazenda, logo Valeriano chamou seus homens e foram recepcionar os intrusos dentro de suas terras, esperaram ele no Passo das Pedras, propício para surpresas pois se tratava de um apertado entre rochas formando dois paredões entre matas altas, um pequeno rio de águas cristalinas.
 
Então, Valeriano surpreendeu Gregório que tinha uma bandana tapando as duas orelhas e mais dois homens armados. Foram rendidos e desarmados. Os peões foram mandados embora.
 
Gegório foi Levado até a fazenda, lá ele pode conhecer seus snetos e rever sua filha. 
 
A noite fizeram uma grande festa, porém Gregório, não se comoveu, o peão Décio guarda individual do Gregório se descuidou ele pegou uma faca na mesa e escondeu nas costas, queria pegar Valeriano, sua intenção era arrancar uma orelha dele, era uma obsessão. 
 
Na hora propícia Valeriano estava de costas, Gegório então avançou, Tibúrcio que estava ao lado percebeu o filho vindo se meteu na frente e tentou para-lo, mas ele acabou cravando a faca no seu velho pai, já debilitado, acabou morrendo no local. Gregório mesmo assim avançou para cima de Valeriano com a faca ensanguentada, o peão Décio que estava ali para cuidar as ações de Gregório, atirou no peito dele, a tragédia estava consumada. Tibúrcio e Gregório mortos.

Essa tragédia familiar, terminou os laços de ódio da família Chaves, também encerrou para sempre a tétrica coleção de orelhas, como um troféu.
 
Fonte! Por Beraldo Lopes Figueiredo. Chasque (e respectivos retratos / artes) foi publicado por Célia Carvalho no Sítio Facebook Rio Grande Antigo. Abra as porteiras clicando em