domingo, 10 de janeiro de 2021

Jayme Caetano Braun

Créditos! Ricardo Comasseto
No dia 30 de janeiro de 1924, no lugar denominado Timbaúva, quando Bossoroca ainda era distrito de São Luiz Gonzaga, nascia o pajador, poeta e radialista, Jaime Guilherme Caetano Braun. 

Durante sua carreira fez diversas payadas, poemas e canções, sempre ressaltando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, os modos gaúchos e a natureza local.

Jaime sonhava em ser médico mas, tendo apenas o Ensino Médio, se tornou um autodidata principalmente nos assuntos da cultura sulina e remédios caseiros, pois afirmava que "todo missioneiro tem a obrigação de ser um curandor". Aos 16 anos mudou-se para Passo Fundo, onde viveria até os 19 anos. Na capital do Planalto Médio, Jaime completou seus estudos no Colégio Marista Conceição e serviu ao Exercito Brasileiro.

Jaime foi membro e co-fundador da Academia Nativista Estância da Poesia Crioula, grupo de poetas tradicionalistas que se reuniu no final dos anos 50, na capital gaúcha.

Trabalhou, publicando poemas, em jornais como O Interior e A noticia (de São Luiz Gonzaga). Passa dirigir em 1948 o programa radiofônico Galpão de Estância, em São Luiz Gonzaga e em 1973 passa a participar do programa semanal Brasil Grande do Sul, na Rádio Guaíba. 

Na capital, o primeiro jornal a publicar seus poemas foi o A Hora, que dedicava toda semana uma página em cores aos poemas de Jaime.

Como funcionário público trabalhou no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado e ainda foi diretor da Biblioteca Pública do Estado de 1959 a 1963, aposentando-se em 1969. Na farmácia do IPASE era reconhecido pelo grande conhecimento que tinha dos remédios. 

Em 1945 começa a atuar na política, participando em palanques de comício como payador. O poema O Petiço de São Borja, publicado em revistas e jornais do país, fala de Getúlio Vargas. 

Participa das campanhas de Ruy Ramos, com o poema O Mouro do Alegrete, como era conhecido o político e parente de Jaime. Foi Ruy Ramos, também ligado ao tradicionalismo, que lançou Jaime Caetano Braun como payador, no 1º Congresso de Tradicionalismo do Rio Grande do Sul, realizado em Santa Maria no ano de 1954.

Anos mais tarde participaria das campanhas de Leonel Brizola, João Goulart e Egidio Michaelsen e em 1962 concorreria a uma vaga na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul pelo PTB, ficando como suplente.

Veio a falecer de parada cardíaca em 8 de julho de 1999, por volta das 6h, em Porto Alegre. Seu corpo foi velado no Palácio Piratini, sede do governo sul-riograndense, e enterrado no cemitério João XXIII, na capital do estado.

Para o dia seguinte estava programado o lançamento de seu último disco Exitos 1. Sua obra literária é composta de diversos livros de poesias, como Galpão de Estância (1954),
De fogão em fogão (1958), Potreiro de Guaxos (1965), Bota de Garrão (1966), Brasil Grande do Sul (1966), Passagens Perdidas (1966) e Pendão Farrapo (1978), alusivo à Revolução Farroupilha. 


Em 1990 lança Payador e Troveiro, e seis anos depois a antologia poética 50 Anos de Poesia, sua ultima obra escrita. 

Publicou ainda um dicionário de regionalismos, Vocabulário Pampeano - Pátria, Fogões e Legendas, lançado em 1987.

Sua poesia era vocativa, altissonante, com forte tônus épico. Falava, eloqüênte, com o tema da poesia: "Oh, tu..." e aí era o cordeiro guaxo, o tirador, Sepé Tiarayu, o negro Anastácio. 


Sempre assim. Nunca mudou e nunca cansou. Todos os segredos de Jayme Caetano Braun podem se resumir num só: talento. 

Ele tinha talento demais. E por isso não deixa seguidores, nem discípulos. Deixa, quando muito, imitadores, de quem tinha nos versos, o cheiro da tapera, do rancho de pau a pique, do zaino, do guamirim, do quero-quero, do camoatim, dos versos que endeusavam o xiru, o negro, personagens pampianas que se misturavam aos apetrechos que impunha a solidão, aporreada somente pelas pausas semanais da cana, do fandango, da rinha, das carreiras, do namoro com a china, do esparramo das rixas de facão e revólveres, tão bem narrados nos versos encantados deste ícone da poesia xucra.

Foi-se o Chimango de bico adunco e garras de aço. Foi-se o terno cantador dos guaxos sem sorte, dos párias do campo. Foi-se o cantor, não a canção. 

Angoéra missioneiro, ficará por aí, no bojo das violas, no fole das gaitas, na garganta dos sabiás e das calhandras. E se alguém estranhar um santo novo talhado a facão no cedro missioneiro, de topete erguido e perfil de aguilucho que pode aparecer por aí, me avisem, me mandem mensagens, gritem nas vozes do vento: Jayme Caetano Braun se entronizou para sempre no céu do pago.

Fonte! Chasque publicado por Célia Carvalho no Sítio Facebook Rio Grande Antigo. Abra as porteiras clicando em

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