O fandango realizado ontem, 24 de abril, no 35 CTG, em Porto Alegre (RS), teve dupla comemoração para os integrantes do grupo Os Monarcas. Primeiro, pela oportunidade de poderem animar a festa de aniversário de 65 anos do primeiro Centro de Tradições Gaúchas criado no mundo. E na sequencia, pela felicidade em poderem compartilhar com o público da grande notícia do dia.
Antes do baile, o gaiteiro Nésio Alves Corrêa, o Gildinho, líder do grupo, foi comunicado que seria o patrono dos Festejos Farroupilhas 2013. A decisão foi tomada à tarde, pela Comissão Estadual do evento.
Durante o baile, no 35 CTG, Gildinho convidou Rogério Bastos, assessor de imprensa do MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho, para subir ao palco e dar a notícia aos presentes. Atento às palavras anunciadas pelo representante do Movimento, o gaiteiro, de 71 anos, não conseguia esconder a felicidade de ter sido agraciado com tamanha homenagem.
“É uma alegria imensa. Estou muito feliz. Farei tudo o que for preciso para corresponder à altura esse compromisso. É uma honra receber essa homenagem tão importante para a cultura e para o povo gaúcho”, diz Gildinho.
Em nota publicada hoje à tarde, pela assessoria do MTG, a Comissão Estadual diz que escolheu Gildinho para ser o patrono dos festejos farroupilhas do RS “por sua trajetória que honra a musicalidade regionalista do estado, suas atitudes, personalidade e carisma com o público”.
Gildinho, que já conquistou a Medalha do Mérito Farroupilha, o Troféu Guri e indicações a prêmios nacionais, como o Sharp, juntamente com Os Monarcas, também figurou entre os grupos musicais mais lembrados pelos gaúchos, segundo pesquisa da Revista Amanhã. Agora, ele se junta ao elenco de homenageados como Luiz Menezes, Paixão Côrtes, Nico Fagundes, Wilmar Winck de Souza, Telmo de Lima Freitas, Rodi Borghetti, Alcy Cheuiche e Nilza Lessa.
GILDINHO!
Nésio Alves Corrêa nasceu no interior de Soledade (RS), no dia 18 de janeiro de 1942. Foi criado numa família humilde e numerosa. Morava no campo, ajudando os pais nas lidas campeiras. Muito cedo ficou órfão de pai e aos 15 anos já arranhava uma gaita nos saudosos bailes de candeeiro para onde ia sempre a cavalo. A sua primeira acordeona foi comprada em troca de duas cabeças de gado e uma guaxa.
Em 1961, Nésio deixou a família, a vida no interior de Soledade e foi embora para Erechim (RS) em busca do sonho de se tornar músico profissional. Lá conheceu amigos e iniciou a sua carreira tocando nos programas de rádio, de auditório, como o “Amanhecer no Rio Grande”, pela Rádio Difusão, e mais tarde, o “Assim Canta o Rio Grande”, pela Rádio Erechim. E foi no rádio, devido ao seu favoritismo pelas músicas de Gildo de Freitas, que recebeu o nome artístico de Gildinho. Com a audiência dos programas, Gildinho começou a animar pequenos bailes na região.
Em 1967, convidou o irmão caçula, Chiquito, para deixar o campo e fazer carreira com ele. Nascia, então, a dupla “Chiquito e Gildinho”, o embrião do grupo Os Monarcas. Foram anos de muita dificuldade, tocando em pequenos bailes. Gildinho ingressou na Escola de Belas Artes, em Erechim, e começou a profissionalizar-se.
O primeiro disco da dupla “Chiquito e Gildinho” foi gravado em 1969 e foi uma decepção para os músicos, que pensaram muitas vezes em desistir da carreira. A persistência fez com que, em 1972, fosse decidido transformar a dupla em conjunto dando início aos Monarcas. Em seguida integraram-se ao grupo João dos Santos, Luiz Carlos Lanfredi e Nelson Falkembach.
A partir de então, Gildinho passou a liderar um dos grupos que se tornaria mais tarde uma referência na música tradicionalista gaúcha. De ritmo animado, marcante, a música fandangueira do grupo passou a conquistar admiradores e ficar conhecida como “O tranco d´Os Monarcas”. Os Monarcas são um dos poucos conjuntos que preservam a autenticidade da música tradicionalista gaúcha e também de maior longevidade. O grupo, em 40 anos de carreira, conquistou importantes prêmios, como a Medalha do Mérito Farroupilha oferecida, em fevereiro de 2012, pela Assembleia Legislativa, e que significa para o líder d´Os Monarcas, Gildinho, a maior distinção que um gaúcho pode receber.
Além disso, o grupo foi agraciado com cinco discos de ouro e um DVD de ouro; e gravou 36 trabalhos. No entanto, a maior conquista tem sido manter a formação com um grupo sólido e talentoso, com artistas implacáveis. A cada etapa da carreira, a família Os Monarcas aumenta o número dos integrantes e mostra porque está entre os maiores grupos de música tradicionalista gaúcha.
Em maio de 2005 o grupo realizou uma turnê nos Estados Unidos para encontrar gaúchos saudosistas e também mostrar aos norte-americanos a música tradicionalista do Sul do Brasil. Os Monarcas apresentaram-se no Clube Lido, em Revere (Boston) e no CTG Distante da Minha Terra, em Newark (Nova Jersey).
Em 2011, a cidade que adotou Gildinho o presenteou com o convite de ser, junto com o irmão Chiquito, homenageado especial na Feira do Livro. Além disso, teve a satisfação de participar do lançamento do livro “Homens de Sucesso – A história de Chiquito e Gildinho” e no momento vive momentos de emoção acompanhando a finalização do filme “Os Monarcas”, que contará toda a trajetória de sua vida e carreira.
Entre os principais sucessos do grupo Os Monarcas estão as músicas “Bugio do Fole Solto”, “Cheiro de Galpão”, “De chão batido”, “Erechim, história e canto”, “Não encosta a barriguinha”, “O Brasil de Bombacha”, “O Vento”, “Santuário de Xucros”, “Sistema Antigo”, “Sonhando na Vaneira” e “Vaneira Grossa”.
Fonte! Chasque com o histório do Gildinho e seu retrato (crédito: Estúdio Elsa), gentilmente foi nos remetido por Daiana Silva, assessora de imprensa do conjunto Os Monarcas.