domingo, 14 de abril de 2013

UM PARQUE DA TRADIÇÃO

Aos gaúchos, tradicionalistas, visto que eu não sou, nenhum e nem outro, segundo as normas vigentes, quero deixar um apelo para, ao invés de fazerem desfiles temáticos, gastando um monte de dinheiro em quinquilharias por um dia só, apoteótico, mas pouco cultural, vencendo sempre as estidades que tiverem mais dinheiro para seus luxuosos carros alegóricos, que se juntem a façam um projeto para a criação de um Parque da Tradição, reconstruindo épocas memoráveis deste estado tão diversificado, e fomentando, quem sabe o turismo de nosso Rio Grande do Sul. 


Vejo, por onde tenho andado, taperas caídas nas beiras dos corredores, que poderiam serem aproveitadas com seu contexto histórico e cultural, transformando uma cultura que está encerrada dentro de CTGs falidos ou em livros torpes que só serviram para barganhar verbas. Nossa cultura está morta, nossa tradição mente que existe, nosso Rio Grande pensa que ainda é o mesmo, enquanto o modismo desfila suas calças fundilhudas, bonés virados, tatuagens e brincos, em frente as portas dos flagelados Centros de Tradições.


O verdadeiro gaúcho perdeu-se pelos fundos das memórias, ofuscadas pelas fumaças dos cigarros, que nem são mais de palhas. O aperos ficaram gastos pelas paredes dos museus, entre rodados de carretas, bocais de freio, esporas velhas, gaitas matraqueiras e utensílios pobres. Museus que exaltam os ouros e as pratas de coronéis sem tropa, de heróis sem capa, de falsos caudilhos que enriqueceram as guaiacas com peões sem leis, em estâncias devoradas pelas fome das guerras.


Rio Grande que tantos se orgulham, mas poucos conhecem... que preferem salgar lombo nas belas praias do litoras Catarina, do que encilhar um pingo num fundo de campo, com um banho de sanga, uma bóia a luz de candieiro num galpão fumacento. 


Rio Grande de lembranças de quem só o conhece pelas folhas amareladas do livros ou nas histórias mal contadas em músicas para entradas da futuristas invernadas de danças.


Rio Grande do homem do campo, esquecido, desrespeitado e até descriminado, que sem plata não adentra a sociedades que já foram luxuosas, com prendas em vestidos de veludos e bordados lindos, em seus penduricalhos nos cabelos.


Quem sabe um Parque simples como é o verdeiro gaúcho, e verdadeiro como não tem sido a nossa tradição, onde a cultura possa estar da forma mais modesta, mas verdadeira, onde o peão possa desfilar com sua chinoca em vestidos de chita e uma flor no cabelo, sem se importar com olhares maldosos dos que ostentam o ouro das estancieira que escravizavam e roubavam camponeses humildes.


Fica aqui apenas mais um dica. Se tu leu até aqui, leve adiante essa ideia, meio louca, mas de alguém que quer ver o Rio Grande como ele já foi um dia.
Fonte! Chasque de Paulo Ricardo Costa, publicado no seu sítio Entre Mates e Guitarra no dia 11 de abril de 2013: http://entremateseguitarra.blogspot.com.br/

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