OS ARTISTAS DE MARÇO

A semana de março que viveremos de 17 a 23, marcou datas importantes da nossa cultura regional. Dia 17 em 2008 falecia o grandioso poeta Antônio Augusto Ferreira que embora advogado, dono de cartório, teve uma vida focada no campo e na poesia, deixando para nossa vivência, obras inesquecíveis como Veterano que Leopoldo Rassier imortalizou. O Tocaio Ferreira como gostava de se denominar, era cria de São Sepé, lia compulsivamente de tudo e tinha aguçada capacidade para a análise poética, implantou e desenvolveu o tradicionalismo em Passo Fundo e ocupou uma cadeira na Academia Rio-grandense de Letras.

No dia 21, ao contrário do dia 17, coincidentemente marca o nascimento de dois outros importantes artistas gaúchos, Cesar Escoto Passarinho em 1949 e Galileu Arruda em 1953. O Passarinho, mais velho, natural de Uruguaiana, viveu seus 48 anos no meio da música, a começar no samba, depois como bateristas e cantor de conjunto de baile interpretando de tudo um pouco, mas foi na década de 70 que tem seu encontro com a musicalidade regional gaúcha, quando pela primeira vez veste bombacha e botas, estreando na Califórnia da Canção Nativa que fez grandiosa e o fez famoso no Brasil regionalista, numa carreira que levou-lhe a todos os palcos gaúchos e vencedor de todos os festivais que participou. Cesar Passarinho faleceu no dia 14 de maio de 1998, na cidade de Caxias do Sul, que lhe acolheu eternamente e lhe tem como um ídolo da terra.

O mais moço, Galileu de Arruda dos Santos, que nasceu também no dia 21 de março, era porto-alegrense, um guri muito inquieto, rebelde, culto, ligado a política socialista, brizolista militante, era de uma capacidade inventiva extraordinária que o fez um publicitário premiado e famoso compositor de jingles. Trabalho esse que acabou levando suas músicas ao palco de muitos festivais da MPB e do regionalismo gaúcho, interpretadas por vários artistas e por ele próprio, onde também brilhou como vencedor. Galileu Arruda faleceu na capital do estado em abril do ano passado, deixando um trabalho de estilo que lhe manterá vivo.

Assim vejam que o mundo regionalista gaúcho é muito fértil, uma corrente artística nova e grande tanto quanto seus fomentadores que já se foram e dos que ai estão, cada qual nas suas características, fazendo escola, espalhando para o mundo que é possível ter cultura própria e viver nesta vida, o que se é, e não inventar modas, confundindo as gerações, complicando a natureza das coisas.

Cada ser tem dentro de si uma fonte inesgotável de verdades que basta sentir, ouvi-la interiormente, provocá-la que desabrocha, a arte tem esse papel e muito mais a que vem falando da terra, do homem, das águas e do firmamento, como nossos homenageados fizeram em suas passagens aqui e por isso serão sempre lembrados.        

Para pensar: Então sigamos essas façanhas de modelo, de nós mesmos, compostas e cantadas, por Tocaios, Galileus e Passarinhos!         

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Fonte! Coluna Regionalsimo, de Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 21 de março de 2013.