quinta-feira, 21 de março de 2013

Escola do Chimarrão incentiva a cultura do mate em Caxias do Sul / RS



 

Pedro José Schwengber com alunos e professores da Escola Municipal Érico Veríssimo de Vila Seca

 
CAXIAS DO SUL - Remonta do século XV a cultura do chimarrão. Foi em torno de 1500 que os primeiros apreciadores da bebida mais consumida no Rio Grande do Sul começaram a difundir, primeiro pelos índios quíchuas, aimarás e guaranis. Ou seja, é mais utilizado nos países de língua castelhana.

O Chimarrão vem da palavra cimarrón, chegou a ser proibido no sul do Brasil durante o século XVI, por ser considerado erva do diabo pelos padres jesuítas, mas a partir do século XVII esses mesmos padres aconselhavam as pessoas a tomar para que as mesmas não entrassem para o alcoolismo, tanto pelo seu poder medicinal como também por ser uma bebida que tinha tudo a ver com a sua cultura de consumir aquilo que era tirado da natureza.

Hoje a bebida é indispensável no Rio Grande do Sul, de clima gelado, com as temperaturas bem definidas o ano todo, com um forte destaque para o inverno. Justamente onde as pessoas se reúnem para conversar e esquentar os ambientes, tanto de trabalho como na vida em sociedade.

Este hábito de tomar chimarrão cruzou as fronteiras brasileiras, mesmo que em alguns estados, ainda exista muita resistência, pois, sem conhecer as propriedades medicinais que o mate amargo contém, acreditam que pode haver algum tipo de contágio por vírus ou bactéria.

O estado que mais aceitou o chimarrão como uma bebida saudável foi o Rio de Janeiro e os estados que não gostam são os mineiros e os baianos.

Mas o importante mesmo é cultivar as tradições aqui no Rio Grande do Sul, onde o chimarrão é mais consumido. Existe gente ensinando e incentivando o seu consumo. A Escola do Chimarrão nasceu para isso, promover a cultura e formar novos apreciadores.


Pedro fez do ônibus itinerante doado pela Polícia Rodoviária Federal sua casa e percorre o RS e o Brasil difundindo as nossas tradições

Segundo Pedro José Schwengber, diretor executivo, apenas viu a possibilidade de que isso pudesse dar certo. “Foi a Lilian Inês Pappen que começou tudo, ela teve a ideia de ensinar para as crianças. Quando conheci o projeto e o chimarrão vi que era fantástico e me entusiasmei de imediato.

Em maio de 2003 conversei com o Dr. Oly Schwingel, um estudioso que me falou dos benefícios da erva mate, então em 2004, criei a ONG Instituto Escola do Chimarrão, com recursos próprios.

Foi tão positivo, tive tanto retorno que passei a me dedicar em tempo integral, motivado pela Polícia Rodoviária Federal, que doou um ônibus itinerante para percorrermos o Rio Grande do Sul e o Brasil afora difundindo esta cultura”, fala orgulhoso.


A pequena Lucila Zanardi Lipreri de apenas 6 anos fez seu primeiro chimarrão com a orientação de professores...


E ostentou o certificado de conclusão com muita alegria.

Mas para fazer um bom chimarrão, segundo Pedro, é preciso seguir algumas regras básicas para garantir uma melhor qualidade.

“Primeiro é preciso uma boa cuia, uma bomba de aço inoxidável, erva mate, com atenção à data de fabricação (quanto mais nova melhor).

A água tem que ter qualidade também, quantidade e temperatura (ideal em torno de 70ºC). Não deixar a água ferver, se isso acontecer descarte a mesma.

A vida útil da água vai depender da quantidade e qualidade, podendo ser consumidos até 6 litros com a mesma erva”.

Difundir a ideia entre as crianças

“Trabalhamos em todo o Brasil, recebemos convites, já viajamos a sete estados, com outros estamos mantendo conversações para saber do interesse e viabilidade.

Durante quatro anos apresentamos o chimarrão a uma das maiores churrascarias do Brasil, a Vento Aragano. Mostramos como é feita a bebida e recebemos muitos elogios dos frequentadores. Como existe muita rotatividade nesse local, a nossa cultura foi levada para alguns cantos do Brasil e do mundo.

Mas precisamos levar esse conhecimento aos da nossa terra para que as pessoas também possam levar para outras partes.

O sonho da minha vida é o Projeto Mateando nas Escolas, para mostrar às crianças o quanto é bom esse hábito”, finaliza.

Passo a passo para fazer um bom chimarrão 


1 - Coloque uma colher de sopa de erva-mate no fundo da cuia.


2 - Coloque a água que você vai utilizar para tomar o chimarrão até o pescoço da cuia


3 - Coloque a erva-mate sobre a água cobrindo toda a abertura da cuia


4 - Empurre a erva-mate com a bomba para a lateral até você visualizar a água, criando a abertura


5 - Complete com água


6 - Posicione a bomba com movimentos laterais segurando a bomba pelo resfriador


7 - Está pronto para servir. Neste processo você leva apenas 11 segundos para elaborar o chimarrão

Propriedades medicinais e nutritivas da erva-mate
-Digestiva e Moderador diurético;
-Estimulantes das atividades físicas e mentais;
-Auxiliar na regeneração celular;
-Elimina a fadiga, contém vitaminas A, B1, B2, C e E;
-É rica em sais minerais como cálcio, ferro, fósforo, potássio e manganês;
-É um estimulante natural que não tem contraindicações;
-É vaso dilatador, atua sobre a circulação acelerando o ritmo cardíaco;
-Auxiliar no combate ao colesterol ruim (LDL), graças à sua ação oxidante;
-Por ser estimulante possui também poderes afrodisíacos, graças á vitamina ‘E’ presente na erva-mate.
-É rica em flavonoides (antioxidantes vegetais) que protegem as células e previnem o envelhecimento precoce, e estes oxidantes são duas vezes mais potentes do que os do vinho;
-Segundo o médico pesquisador, Dr. Oly Schwingel, é indicado o uso do chimarrão de duas a três vezes ao dia;
-Previne a osteoporose, fortalecendo a estrutura óssea graças ao cálcio e as vitaminas contidas na erva-mate;
-Contribui na estabilidade dos sintomas da gota (excesso de ácido úrico no organismo);
-É rico em fibras que contribui para o bom funcionamento do intestino;
-Auxiliar em dietas de emagrecimento;
-Atua beneficamente sobre os nervos e músculos;
-Regulador das funções cardíacas e respiratórias;

É considerado um ‘alimento quase completo’, pois contém a maioria dos nutrientes necessários para sustentar a vida;

-Segundo o Instituto Pasteur da França e a sociedade científica de Paris, não existe no mundo outra planta que se iguale à erva-mate em suas propriedades e seu valor nutricional.

Tão bom quanto tomar, é saber fazer o chimarrão. (Fotos Ponto Inicial)
 
Fonte! Chasque publicado no sítio Ponto Inicial de Caxias do Sul (RS), por Laudir José Dutra. Crédito retratos: Ponto Inicial. Abra as porteiras clicando em http://www.jornalpontoinicial.com.br/?p=34889.

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