De tudo de bom que o Rio Grande do Sul tem oferecido a seus patrícios, ao Brasil e ao mundo, desde sua formação, inegavelmente fora a poesia e seus poetas. Vejam que mesmo sendo um estado novo, pois o Brasil já tinha duzentos anos quando começou a se importar por estas plagas, do ponto de vista sócio-cultural e econômico, a cultura tomou proporções que nos levaram a ser reconhecidos além da valentia para as peleias.
Grandes poetas se desabrocharam na luz pampiana, pintando verdadeiros quadros em tela de poesia nos temas que vão do épico ao romantismo, passando pela lida, ecologia, filosofia, fanfarronadas e prazeres.
Em todos os pontos cardeais gaúchos veio a furo um desses, sempre batizados nas águas dos seus rios e como elas já se foram. No Ibirapuitã – João da Cunha Vargas e Mário Quintana; No Uruguai – Alceu Wamosy e Vargas Neto; No Jacuí – Lauro Rodrigues e Glauco Saraiva; No Guaíba – Aparício Silva Rillo; No Rio da Várzea – Guilherme Schultz Filho; No Rio Torpe – Aureliano de Figueiredo Pinto; No Piratini – Jaime Caetano Brum, todos gigantes do verso que no rodeio literário da vida terrena, fizeram armadas atiradas ao léu, enrodilhando uns aos outros aqui e no mundo espiritual.
Desses, foi no dia 30 de janeiro de 1924 que chegara de presente do céu, para nos contar em payadas quem somos e de onde viemos, era Jaime Caetano Braum que dava os primeiros berros na Timbaúva, hoje Boçoroca, antigo distrito de São Luiz Gonzaga que de lá ganhou o mundo pela excelência de sua arte que o imortalizou.
Semblante calmo, sério, compenetrado, que se movimentava sem fazer alarde, nos deixou livros e discos, com uma vasta obra que dignifica nosso estado, arrancando das missões, da lida do campo, dos rios, das matas, dos bochichos, as mais bonitas imagens poéticas, emocionando gerações, palanqueando tradições como quem sustenta um potro para ser montado dando asas ao ginete.
É assim o verso desse ilustre gaúcho brasileiro que viveu para glorificar nossa terra, abrir boçorocas de sentimento telúrico que nos mantém altivos e honrados, porque seu canto ecoa no pago como o grito de Sepé, afirmando que esta terra tinha dono.
Então Jaime, hoje aqui, mais uma vez te veneramos, te cultuamos e sempre vamos te lembrar como cultuaste no verso todos que te entregaram o Rio Grande dignamente, a que fosse cuidado e descrito pela tua lavra, que servirá eternamente de lição a este mundo que sente a tua falta, mas que ficou com a tua luz.
Para Pensar: Quem não guarda a sua cultura, perde a identidade.
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Fonte! Coluna Regionalsimo, de Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 06 de março de 2013.
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