Buenas Gauchada!
Hoje,
quando eu campeava lá na costa do capão, encontrei ossos das patas traseiras de
um boi de consumo na boca de um formigueiro.
-
Ô Eleutério! Podes me explicar alguma coisa sobre isso?
-
Bueno, essa manera de dexá um guesso limpito, no más, eu aprendi cum uns
correntino, quanu eles preparavum a tava prá adespos se diverti no jogo do
osso.
-
Vais me dizer que andaste calavereando por lá, tchê?
-
Mas báh! Dei muita clavada na cancha du Ismilindro. Pur lá eu vi cada aposta.
Parada da grossa, tchê! Inté tem uma qui nunca mais mi isquici.
Foi numa
olada, quando me acostei numa changa na fazenda do Ispinilho, lá prás banda de
Maçambará, quando tudo ainda era o Itaqui.
Pos óia, tchê! Num fim de semana que eu
folgava da lida, encilhei o pingo e saí, lavantanu polvadera. Fui dá um vorteio
no bulicho du Ismilindro, prá moiá a goela, queimá umas pataca num truco cego i
fazê uma mão na cancha do osso.
Cheguei
nu meio da tarde. Boliei a perna i botei o Moro na soga. Quanu passava inbaxo
da figuera véia, indo prus ladu da cancha de tava, incherguei o Isidoro,
capataz da fazenda Alvorada i nus fim de semana, parcero das carpetiada de
baraio i de jogatina de tava na venda du Ismilindro.
Pos o cuera do Isidoro, tava abancado i meio aplastado numa raiz da
figuera, qui ficava bem na cabeça da cancha de tava. Quanu oiei prá ele vi que
tava esgualepado, inté parecia um guaipeca qui tinha levado uma tunda duns
porco ispinho i nas mão ele sigurava, cum munto carinhu, uma caxa - daquelas de cartão, redondinha, sabe? - de
talco Cashimir Buquê.
- Ô Parcero, que te aconteceu? Que qui tu tá aí, abichornado, tchê?
- Óia Eleutério, hoje eu quiria inté morrê, tchê!
-
Isidoro! Tu para de te fresquiá i me conta toda essa lenga-lenga.
- É qui me miti numa parada de tava i levei uma clavada cuiuda, tchê!
- Báh,
intaum era issu? Tu não sabia qui na tava é anssim mesmo? Um dia a gente ganha!
Nu otro a gente perde i nu otro ...perde di novu!
- Pos
naum é qui é isso mesmu, parcero! Hoje apostei meu gadu i me lasquei, tchê!
- Naum
vai me dizê qui tu perdeu o teu reprodutor – o Brazino!
- Munto
pió qui isso, camarada!
- Mesmu,
tchê? Entonces forum dez nuvilhas?
- Que
dez, cosa ninhuma! Forum munto más!
- Vai me
dizê qui fórum cem cabeça, tchê?
- Pos
naum é qui fórum cem. Eu perdi cem vaca, paisano!
-A la
fresca! Si eu tivesse perdido cem vaca na tava, quando chegasse nas casa, a
chinoca me capava, tchê!
I u
Isidoro, de goela aberta, saiu berrando: - I u que qui tu acha qui tem dentru
dessa caxa de talco, tchê?
Fonte!
Chasque Charla de Peão desta semana, de Juarez Cesar Fontana de
Miranda, escritor e poeta nativista dos pagos de Cidreira (RS),
publicado no Jornal Regional do Comércio.
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