sexta-feira, 10 de julho de 2015

E por que não o bandoneon no fandango?



Nos bailes gaúchos de antigamente (iluminados sob luz de candeeiro), os instrumentos que animavam a gauchada, com o surgimento do tradicionalismo organizado a partir da primeira ronda crioula capitaneada por Paixão Côrtes em 1947, e o surgimento do primeiro CTG do mundo em 1948 – o 35 CTG foram a gaita, o violão e o pandeiro.


Mas foram Os Irmãos Bertussi que em meados de 1950 incorporaram uma segunda gaita e alguns anos depois a bateria, que tinha por objetivo aumentar o som, pois não existiam os microfones, a amplificação e nem as caixas de som, para os fandangos cada vez maiores em todo o interior gaúcho.


Assim como nos fandangos em todo o Estado, Sul do Brasil e países vizinhos, a rainha do fandango é o acordeom. Alguns grupos de bailes tem também a tradicional gaita de botão, um instrumento de difícil execução e no meio gauchesco eu destaco o Renato Borghetti, o Gilberto Monteiro, o Chico Brasil, entre outros.


Em maio eu e minha mãe fomos pras Missões, onde voltamos pros pagos: Cerro Largo, Salvador das Missões e São Pedro do Butiá. Lá fomos num baile da terceira idade, animado por um grupo de Cândido Godoy (Cia Animação Show). Não era um grupo gaúcho, mas também tocavam músicas dos nossos fandangos e o que me chamou atenção foi o bandoneon. Achei fantástico, simplesmente espetacular o jeito de tocar, o seu som e a animação que isso gerou no evento. Além disso, tinha bateria eletrônica, instrumentos de sopro e órgão eletrônico.


Claudino Kuhn
Imediatamente “viajei” para o passado distante, quando na década de 1970 ia aos bailes animados pelos Futuristas de Ijuí, uma respeitável banda do estilo antigo, com bateria, baixo, guitarra, instrumentos de sopro, órgão e o bandoneon. Por isso não consigo entender por que este instrumento que é muito utilizado no Uruguai e na Argentina, nunca tive a honra e o prazer de vê-lo em execução num palco de um fandango em galpão de CTG.


Em Porto Alegre eu vi o Mano Monteiro, exímio bandoneonista tocando “Baile do Sapucay” e outras marcas do nosso cancioneiro e foi de arrepiar. Ainda não tive a honra de ver o exímio Carlitos Magallanes e paramos por aí, pois o mercado musical para os bandoneonistas é muito restrito (existem outros fora do regionalismo gaúcho e sul americano). Mas quem sabe um dia alguém faz com o bandoneon o que os Bertussi fizeram com a introdução do segundo acordeom e da bateria, introduzindo este belo instrumento nos fandangos e bailes gaúchos de todo o Rio Grande e em toda esta terra que chamamos de mundo! Créditos dos retratos: Mano Monteiro e Carlitos Magallanes são do sitio do Mercado Livre e Claudino Khun, do Grupo Cia Animação Show, retrato do meu arquivo pessoal. 

Fonte! Chasque de autoria de Valdemar Engroff, publicado na Revista Digital de Bombacha de julho de 2015. Abra as porteiras clicando em  https://www.facebook.com/pages/Revista-de-Bombacha/1540753876201597

Nenhum comentário:

Postar um comentário