quinta-feira, 2 de julho de 2015

A VOLTA DO TAURA DO ALEGRETE



Este é o editorial mais difícil dos que produzi, porque dizer da morte de um amigo, da pessoa responsável de eu estar na Rádio Gaúcha no seu lugar, não o substituindo, mas por motivo da sua doença, preenchendo o espaço, há mais de década rogando na esperança do seu restabelecimento e volta aos microfones, é muito comovente.

Esse dever, comove muito mais do que ter tido o prazer de nesses anos falar de seus aniversários repletos de alegria, ter que replicar agora a tristeza que invadiu a pátria verde, vermelha e amarela, no dia 24 de junho, (e não sei até por quanto tempo), em função da morte física de Antônio Augusto da Silva Fagundes, não é missão fácil.

Até agora a mídia,  mundo gaúcho vem tentando dizer tudo sobre o filho mimoso da Dona Mocita e de Dom Euclides, mas com certeza não conseguiu e nem conseguirá, porque o guri Nico Fagundes, que nasceu em rancho humilde no Inhanduí, que foi carroceiro, escoteiro, repórter no Alegrete, que se bandeou para a capital na idade de vestibulando, que se fez professor de Inglês no Colégio Militar, Advogado, Historiador, Folclorista, Antropólogo, Jornalista, Radialista, Cineasta, apresentador de televisão, que já nascera com os talentos de poeta, ator, escritor, pesquisador e de homem pronto pra peleia, é muito maior que tudo o quanto tentaremos retratar.

A meu juízo o Nico saiu do palco da vida terrena e será nas próximas eras estudado, (como só os grandes o são), não para desvendar seu caráter ou querer compreende-lo, pois suas lutas sempre foram as claras, mas para estudar seu caminho, seguindo seus ensinamentos de como se deve viver incorporado naquilo que somos, sem medo de ser feliz, sem desfazer das outras culturas, mas compreender e reconhecer a sua.

Pois ele nasceu gaúcho, trabalhou e foi alguém, seguindo o evangelho do seu velho que foi gaúcho também! E essa dimensão é que as novas gerações vão estudar de suas lições, que recomendo aos que estão perdidos, sem identidade cultural.
 
De todas as obras que Nico escreveu, há uma de nome Caudilho, letra musicada por Airton Pimentel, onde Paixão Cortes encerra o canto dizendo – NÃO HÁVERÁ OUTRO RIO GRANDE, NEM OUTRO FLÔRES DA CUNHA! Uma sentença dada, mais pela força de expressão poética, da veneração do autor pelo seu ídolo chimango do que verdade concreta.

Pois na realidade, Nico é a prova, que houve e haverão novos Rio Grandes, a começar pelo o que ele fez, providenciando as gerações de seu passado, o do presente e o do futuro Rio Grande saudoso, porque o que não haverá, com tanto fervor a terra, é outro ANTÔNIO AUGUSTO DA SILVA FAGUNDES.

Obrigado irmão.:Nico por tudo, é certo que Deus te apartou um rancho macanudo no orbe do Alegrete, no Inhanduí, na curva do Rio Ibirapuitã, para de lá ficar bombeando e protegendo o pago.    

Para pensar:  O que será dos que chegarem na Estância Celestial e nada tiver na bagagem moral, para depositar aos olhos do Patrão.

Fonte! Coluna Regionalismo, por Dorotéio Fagundes de Abreu, desta semana.
        

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