Buenas
Gauchada!
Puxem um
cepo, se entreverem na roda do mate e se abanquem, no más, enquanto eu vou encilhando
um amargo, daqueles de esquentar os mondongos.
- Ô Eleutério,
vai lá na prateleira, ao lado do fogão a lenha e me prepara uma dose daquela cachaça
douradinha, a Bento Albino, que eu ganhei do Alambique do Espraiado, lá pras
bandas de Maquiné.
- Mas que tal,
hein, parcero véio! Hoji tu tá te puxanu, tchê?!
- Faz o
seguinte, Eleutério: em vez de uma dose, me traz a garrafa inteira.
- Ué tchê, hoji
é u teu aniversáriu?
- Não, não é
o meu aniversário, mas é para uma comemoração.
-
Barbaridade! Nessa olada i cum essa cachaça, loca de ispeciá, naum é
comemoraçaum é bebemoraçaum. Mas, entonces, naum é?
- Tchê, é prá
comemorar, junto com os leitores da Charla de Peão, o sucesso alcançado pelo
Chasque para um Cambicho, que escrevi para homenagear nossas prendas, no mês
dos namorados.
Foram dezenas
de manifestações, das mais diferentes maneiras; todas de estímulo e muito
carinhosas. Por isso, como forma de agradecimento, nada melhor que um
chimarrão, bem cevado, com erva de carijo, dos pagos da Palmeira e amadrinhado
por uma cachacinha, pura de alambique, da querência de Maquiné. É verdade, ou
não é?
- É a más
pura das verdade, indiu véiu.
I tu sabe,
tchê, qui todu esse inliu de mate cum cachaça i cambichu me fez alembrá uma
gauchada, qui u meu parcero, u Ormiro, arreglô quanu nóis trabaiva na
implantaçaum duma granja de arroz orgânico, na Fazenda dus Volkmann, lá im
Tapes, hoji Sentinela du Sul.
Pos naum é
qui u Ormiro se inrrabichô numa mulata, mui fremosa. A morochita, Elisete, era
irmã du Vilmar, um vaqueano distrinchadu i fia du véiu Fortes, capataz da
fazenda.
U Capataz,
vendu qui o Ormiro era sériu i trabaidô, não si importava cum us camote qui u
Ormiro dava na fia dele. Inté achu qui ele fazia gostu na cambichada.
Mas u véiu
capataz, tamém naum era bocó. Nada de negaceiu nas quebrada da fazenda. Namorá
a fia dele, só nu ranchu. I nada de entrá pela porta da frente. U Ormiro só si
intocava na casa da Elisete, entranu pela porta da cuzinha.
Buenu, num
fim de semana quarqué, u Ormiro inventô de fazê uma média cum a famia da
gauchita. Me leva um manojo de maçanilha prá prenda, uma garrafa de cachaça pru
pai dela i ajoujada na espalda, a oitu baxu, chorona.
Já apotreadu
nu ranchu da changa, u quera sogueava a prosa cum u chimaraum, adespos imbuçalô
a charla num carreteru de lambê us beiçu i tudu amadrinhadu pela baguala da
cachacita, inté qui u Ormiro mete a munheca na gaita i impeça um saracoteio,
bem na hora qui uma manga dágua sisparrama pelas cuxilha du pagu.
Noite alta i
dêle água. U véio convida u Ormiro prá posá nu ranchu. Ele ajeita us pelegu num
cantu i ferra nun sonu soltu. De madrugadita, cum u panduio cheiu de bóia, tem
um sonhu caborteru. Dá uns gritu i si acorda assustadu.
A guria,
percebenu u trimiliqui, le prigunta u que hove. Aí, cum a voz toda trimida, ele
isplica qui teve um pesadelo, entonces ela diz:
- Podi drumi di
novu, qui agora eu vô ficá aqui, prá ti acalmá, tá meu bem?
U Ormiro se
acoierô na prendinha i, de novu, desatô a ronquera. Daí a um poquito si acorda
i todu suadu, conta prá moçoila:
- Tchê,
guria! Sonhei de novu. Dessa veiz eu despencava dum baita perau i quanu tava
cainu, bombiei umas chirca, numa tocera.
Mas báh,
tchê! Mi sigurei cum toda a força, prá mode di não caí nu fundu daquele
buracaum.
Agora, qui já
passô u susto, vamu vortá a drumi?
- Bueno,
intaum tu soltá as maum du chircaredo, tá meu nêgo?
Fonte! Chasque Charla de Peão da semana passada, de Juarez Cesar Fontana de Miranda, escritor e poeta nativista dos pagos de Cidreira (RS), publicado no Jornal Regional do Comércio. Contatos: juarezmiranda@bol.com.br ou jornaljrcl@terra.com.br
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