sexta-feira, 26 de julho de 2019

Esse gaúcho é destemido; impedido de namorar, levou dois tiros do sogro, mas “roubou”a prenda de madrugada

“Ele sempre gostou de contar muitas anedotas, mas esta em especial ele nunca havia falado. Até fiquei surpresa naquele dia”, falou Santa Bardin Brandolt, a moça que foi “roubada” no ano de 61.
O casal que esbanja simpatia e bom humor recebeu a reportagem do Alegrete Tudo para narrar como foi essa que, até então, era uma história desconhecida de muitos, até seu Quirino Brandolt narrar um trecho para o radialista Gerson Brandolt, durante uma live.
Quirino Brandolt, que este ano foi patrono da Campereada Internacional de Alegrete, descreveu com detalhes como foi a ousadia de “roubar” a moça mais bonita do Inhanduí, na década de 60.
Depois de ter a sesta interrompida, ele sentou na sala e com muita tranquilidade e bom humor começou a falar. O, agora, aposentado disse que certo dia foi buscar umas toalhas na fazenda que ficava perto da chácara dos seus pais. Quando chegou se deparou com Santa Bardin, a moça mais linda da região do Inhanduí, falou. Desde aquele momento passaram a conversar, mas os encontros eram muito difíceis, porque o pai (seu Bardin), não a deixava sair de casa. Geralmente os encontros eram em bailes, porém, ela não frequentava.

Foram cerca de quatro meses, conversando muito pouco, pois as oportunidades eram mínimas. Então, Quirino decidiu que estava no momento de pedir licença para seu Bardin para frequentar a casa e namorar com a amada.

Certo dia chegou na fazenda, foi recebido pelo pai da prenda no galpão. Depois de alguns mates e uma charla, decidiu falar o real propósito da visita. De imediato, ouviu um não. Que não poderia e não estaria autorizado a frequentar a residência para ver a filha dele.
Muito aborrecido, Quirino saiu do local. Mas a esperança de que o seu Bardin mudasse de ideia era imensa. Passaram-se alguns meses e novamente Quirino retornou à fazenda. A saudade da amada já estava apertando o peito do gaúcho.
Quando chegou, o pai não estava, sentou e ficou tomando chamarão, aguardando para tentar uma nova prosa. Foi que ao perceber sua presença, seu Bardin foi até o galpão e pegou um revólver e entrou atirando. Foram dois disparos, com o alerta de que não havia permitido que ele fosse no local com a intenção de namorar sua filha.


Apavorado, Quirino saiu correndo e conseguiu fugir sem ser atingido. Mas o desespero foi ainda maior por saber que a amada estava sofrendo. Ela era a única filha mulher, cuidava da casa. A mãe não morava com eles, à época. Santa tinha dois irmãos mais velhos e dois mais jovens.
Sabendo da tristeza da prenda amada, o valente Brandolt decidiu que iria roubá-la. Ele conseguiu avisá-la que o esperasse na virada da meia-noite que iria buscá-la. E assim foi. No horário programado, ele saiu da chácara dos pais montado num moro com outro a cabresto e “roubou” a paixão da sua vida. 
Os dois chegaram durante a madrugada na casa dos pais do Quirino. “Cheguei e disse para minha mãe, trouxe uma moça para ficar uns dias aqui. A partir de agora, faz parte da família. Meu pai ficou apavorado pensando que seu Bardin iria chegar ali armado e que seria um horror, mas minha mãe ficou feliz” – lembrou.
Pouco tempo depois, Quirino já trabalhava como capataz, conseguiu uma casa com o patrão e vendeu algumas reses para mobília. Mas antes, tentou mais uma vez, uma aproximação com o sogro, sem sucesso. O casamento foi realizado sem a presença dos familiares da prenda.
O casal comentou que a vida foi de muito trabalho. 57 anos depois, os dois estão morando na cidade. Mas até três anos atrás ainda moravam no interior, Inhanduí, e trabalhavam assiduamente.
“Ela sempre foi minha grande parceira. Durante todos esses anos trabalhamos duro, eu sempre tive oportunidade como capataz, e quando não estava em casa, ela tomava conta” falou orgulhoso.
Eles têm dois filhos, Carlos Roberto Bardin Brandolt e uma filha do coração, chamada Sônia.
Questionado se algum dia conseguiu conversar com o sogro, Quirino disse que mesmo depois de muito tempo, eles sentiam resistência e evitaram conflitos. Quando o filho estava com oito anos, eles ficaram sabendo que seu Bardin tinha falecido. Quanto aos cunhados(as), sempre se deram muito bem. 
Durante a entrevista eles sempre falavam de forma muito carinhosa um com o outro. Santa disse que ele sempre foi muito ativo, foi ginete, jóquei e adora o tradicionalismo. Além de se destacar como trovador. Sem deixar passar a oportunidade, Quirino mais uma vez fala da beleza da esposa e a descreve como uma grande mulher que sempre esteve firme ao seu lado e permanece com os mesmos cuidados, e enalteceu seu lado poetiza.
No momento da foto, muito vaidoso foi até o quarto e fez questão de colocar o lenço vermelho. São 57 anos de muito amor, cumplicidade e união.
Flaviane Antolini Favero
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