No entanto, é comum no Rio Grande do Sul, festejar o mês de junho com festas típicas caipiras, que não têm nada a ver com a cultura gaúcha. Claro que são influências vicentinas dos bandeirantes que por aqui passaram no início da colonização. O pior de tudo é que há uma ridicularização do caipira, mostrando um tipo humano pobre, com roupas rasgadas, remendadas, desdentados, com chapéus de palha esfiapados, as mulheres com pinturas extravagantes, com expressões cômicas - verdadeiros palhaços. Concluindo, um verdadeiro desrespeito com o caipira que vive no interior de São Paulo e Minas Gerais.
A nossa festa junina deve ser feita com os nossos trajes típicos, a pilcha gaúcha, sem remendos nas bombachas, sem pinturas no rosto, sem chapéu de palha, sem camisas enxadrezadas, etc. Temos a nossa culinária típica: arroz de carreteiro, paçoca de xarque e de pinhão, arroz doce, pratos com carne de ovelha, galinha encilhada, sapecada de pinhão e por que não, o churrasco. Pipoca, batata-doce, rapadura de amendoim, pé de moleque, pão de ló e pão de milho, são pratos indispensáveis.
Ao invés de fazer um carnaval fora de época, baile e casamento caipira, por que não dançar o pezinho, o balaio, o maçanico ou então, as danças gaúchas de salão, sem fantasias? Há muitas brincadeiras que podem ser resgatadas, como o pau de sebo, a dança da batata, a corrida do saco, as corridas do casal, do bastão e da colher. Pode-se declamar, cantar, contar causos. As bebidas típicas são o quentão, o vinho, o pula-macaco, a concertada, o ponche e a jurupinga.
Quanto as fogueiras, hoje fica difícil acender em locais citadinos, por questões de segurança. Mas, é uma tradição que vem dos povos do norte, comemorando a chegada da época das colheitas, coincidindo com o solstício do verão, representando a fixação e conservação da força do sol para espantar as calamidades e demônios.
O Santo mais venerado dos gaúchos é o São Pedro, padroeiro do Rio Grande do Sul, e a sua fogueira tem a base em triângulo. As fogueiras de Santo Antonio e de São João, têm as bases em forma de quadrado e circular, respectivamente.
O que é inaceitável, são os professores incitarem os seus alunos a cometerem estas barbaridades culturais. Falta estudar mais sobre nós mesmos e impedir que a mídia dirija as manifestações culturais que são próprias de cada região do país. Lamentável!
Do autor e de Paixão Cortês / JUAREZ NUNES DA SILVA - Historiador, escritor e tradicionalista -
Fonte! Buscamos este chasque no sítio Chasque Gaudério. Abra as porteiras clicando em http://chasquegauderio.blogspot.com/2014/06/festa-caipira-nao-e-festa-junina-gaucha.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário