Dia quinze de maio fez um ano que desencarnou o poeta regionalista
gaúcho, OACY LIMA ROSENHAIM, natural de Rosário do Sul, que viveu sempre aqui
no Estado. Foi goleiro famoso no Avenida de Santa Cruz na década de 60, e se
consagrou atacando cinco pênaltis no estádio do Beira Rio, que impressionou o
mundo futebolístico nacional, tanto que o Palmeiras veio busca-lo e ele não
aceitou de medo da cidade grande. Daí o Palmeiras contratou o Leão! De Santa
Cruz, Oacy como vendedor de produtos veterinários, se cambiou para Uruguaiana,
terra de sua amada mulher - Inocência de Abreu Rosenhaim, e só saiu da
fronteira em 1987.
Formado em história, veio para a Capital e apesar de gremista doente,
foi ser funcionário administrativo no S.C.Internacional, onde se aposentou e
começou a inscrever letras nos festivais nativistas e publicar livros de
poesias. O sucesso poético veio junto com vários parceiros musicais, em
especial com José Cláudio Machado, com quem ganhou uma edição da Coxilha
Nativista, com a obra que o refrão deflagra o título da letra que diz: – O MEU CANTAR GALPONEIRO TRAZ A MARCA DA
QUERÊNCIA, E PROVA A SUA EXISTÊNCIA CEVADA NO MATE AMARGO, E QUEM ACEITA O
ENCARGO DE CAMPEIRO CANTADOR, SABE QUE É FIADOR DA MEMÓRIA DO SEU PAGO...
Curiosamente no dia dezesseis de maio, marca a existência de mais dois
gigantes do verso gaúcho, FIADORES DA MEMÓRIA DO MEU PAGO, como Oacy (mais conhecido como cachimbo no meio
nativista) escreveu no Cantar Galponeiro, pois foi o dia da morte de Kenelmo
Amado Alves, natural do Itaqui, deste muito cedo vivendo em Uruguaiana,
considerando-se e considerado cidadão da cidade farroupilha. Kenelmo inundou o
Estado de boas letras, musicadas em maioria pelo seu filho Chico Alves, sem
nunca escrever bobagem, deixando-nos muita saudade de seu estilo especulativo e
épico, como: SABE MOÇO, QUE NO MEIO DO ALVOROÇO, TIVE UM LENÇO NO PESÇO QUE FOI
BANDEIRA PRA MIM, QUE ANDEI POR MIL PELEIAS, EM LUTAS BRUTAS E FEIAS, DÊS DO
COMEÇO ATÉ O FIM.
E disse que tinha além de Oacy e Kenelmo, outro mestre da poesia a ser
homenageado no dia 16 de maio, pelo seu nascimento, me refiro ao mago Antônio
Augusto Ferreira, cria de São Sepé, escritor e dono de genial inspiração,
sempre abordando com excelência, temas de cunho social, filosóficos e de
gauchismo.
É dele a LETRA da celebre obra VETERANO, que faz uma profunda reflexão
sobre a vida e seu fim, que diz: ESTÁ FINDANDO MEU TEMPO, A TARDE ENCERRA MAIS
CEDO, MEU MUNDO FICOU PEQUENO, E EU SOU MENOR DO QUE PENSO, O BAGUAL TA MAIS
LIGEIRO, O BRAÇO FRAQUEJA AS VEZES, DEMORO MAIS DO QUERO, MAS ALÇO A PERNA SEM
MEDO; ENCILHO CAVALO MANSO, MAS BOTO O LAÇO NOS TENTOS, SE FORÇA FALTAR NO
BRAÇO, NA CORAGEM ME SUSTENTO; SE LEMBRO TEMPO DE QUEBRA, A VIDA VOLTA PRA TRAZ, SOU BAGUAL QUE NÃO SE
ENTREGA A ASSIM NO MAIS...
Pois bem amigos, os três tauras, Oacy, Kenelmo e Ferreira, que hoje
mateiam ao pé do fogo no galpão celestial, foram baguales, não se entregaram a sim no mais, se foram e deixaram pra
traz letras que dão sentido à vida, que nos fazem mais gentes, mais valentes do
que nunca, certos de que não tá morto quem peleia, que vale a pena dar um grito
de “quiribibio-chuchu” nas manhãs de
primavera, porque projeta um legado além da nossa existência.
Para pensar: Fazer poesia é já viver
no céu, por isso os poetas não morrem!
Fonte! Chasque semanal Regionalismo, por Dorotéo Fagundes de Abreu.
Cachimbo, foi meu colega na Faculdade, em Uruguaiana! Fizemos vários trabalhos acadêmicos! Grande colega!
ResponderExcluirGrande abraço seu Antônio..... e bom final de semana tchê....
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