domingo, 26 de junho de 2016

Mudança obrigatória na função dos CTGs!

"Tchê, teu CTG tem biblioteca? E departamento cultural? Museu? Palestras sobre folclore e tradicionalismo? Mas e baile, quantos tem por ano? E ensaio? E almoços?"
 
Foto desconhecida
Buenas! Essa semana me deparei lendo algumas colocações do Sr. João Carlos Paixão Côrtes, da década de 80, e percebi que realmente as coisas mudam. Em velocidade lenta quando se trata de "mudança cultural", mas mudam. E nesse caso, infelizmente, para pior. Ao buscar entender o porquê foram criados os CTGs, uma entrevista me chamou muito atenção, onde o repórter questiona Paixão Côrtes sobre a funcionalidade dos CTGs, e se estão cumprindo as suas funções, baseados nos princípios em que foram criados. Da uma olhada no que o nosso pesquisador mais taura do Rio Grande respondeu:

“Acredito que um Centro de Tradições tem diversas finalidades e cada um deles dá as dimensões dentro do nível cultural de seus dirigentes. Então, numa hora ele está muito bem, noutra hora não está tão atuante, como qualquer sociedade.” (CÔRTES, PAIXÃO, 1981)

Até aqui, nada demais. Pode-se concordar tranquilamente, que muito vai do patrão de cada entidade, e da forma que o mesmo gosta de puxar. Uns são mais voltados aos grupos de dança, outros aos jogos campeiros, outros valorizam mais ou menos o piquete de laçadores do seu CTG, e por aí vai. Mas seguindo a prosa:

  Foto: divulgação
“O que penso é que os Centro de Tradições, de um modo geral, nos dias atuais, se tornaram simplesmente, sociedades recreativas com finalidade de música, dança e rodeios. Um número limitado está cumprindo os objetivos para os quais nós nos propusemos quando criamos o 35.” (CÔRTES, PAIXÃO, 1981)

Aqui já tomamos um bombardeio de ideias, mas ele ainda arremata:

“Raros são os Centros de Tradições que tem biblioteca, museu, proporcionam programas culturais ou cursos sobre folclore e tradição. No entanto, “fandango” ocorrem no mínimo um mensal, afora às reuniões sociais semanais... Em muitos CTGs nossas tradições estão concentradas quase exclusivamente na “Semana Farroupilha” e em “Rodeios”. O resto do ano é farrancho, carne, mate e... Constroem-se enormes sedes sociais sem vínculo com a arquitetura da terra ou não inspirada em motivo gauchesco. O importante é que a churrasqueia seja enorme e a copa tenha capacidade para grande estocagem de bebidas.” (CÔRTES, PAIXÃO, 1981)
Foto: divulgação

Que tal? Leve a declaração hein chê?! E o pior, ANOS 80!! Dá para trazermos para os dias atuais, não da? E em escala muito maior. Cada vez menos temos CTGs preocupados em ter um cultural forte e atuante dentro da entidade, proporcionando conhecimento aos que dançam e participam de suas atividades. Alguns podem até pensar “ah mas na Ciranda de Prendas e no Entrevero de Peões sempre tem bastante gente e é bem concorrido...”, tranquilo, mas isso representa quantos % do número total de CTGs do estado? Menos mal que temos alguns ainda preocupados. Cada vez mais os nossos representantes que muito estudam para sagrar-se Prendas e Peões do estado, precisam lutar para voltar a ser uma pratica comum dentro dos CTGs, e não uma raridade. Fica mais uma missão para a nova Prenda Adulta do Rio Grande do Sul, Roberta Jacinto, de Bagé, a esquerda na foto.
Foto: Blog Rogerio Bastos

Quem sabe está na hora de a preocupação não ser apenas os grupos de danças, e como ficarão colocados nos rodeios. Quem sabe não deva-se pensar só em ter um grupo adulto com o melhor instrutor, o melhor vocal, a melhor pilcha... Quem sabe devemos voltar a ensinar um pouco as crianças das mirins dos CTGs, para que pelo menos no futuro, não reflitam os adultos que temos hoje, pouco se importando com a perpetuação da tradição, e muito se importando com o EGO de estar ganhando dos seus adversários (inimigos) dos palcos.  


Foto: Facebook Prendas que Inspiram

Fica meu desabafo, e para encerrar, deixo para o autor concluir: “Nós temos que reconhecer que antes da fundação dos Centros de Tradição quase nada existia. Foi uma tremenda abertura para revitalizar a cultura popular. No fundo, nem todos estão preocupados com isso. O problema começa com a deficiência da nossa cultura nacional.” (CÔRTES, PAIXÃO, 1981).

Se tu concorda, ou quem sabe discorda também, mas gostou de dar uma lida nesse texto, não esquece de compartilhar com teus amigos, e curtir nossa página no Facebook. Um forte abraço, e reflita sobre o assunto! Hasta luego!

Fonte! Sítio Estância Virtual, por Guilherme Milani Lorscheider, em 06 de junho de 2016. Abra as porteiras clicando em http://www.estanciavirtual.com.br/#!MUDAN%C3%87A-OBRIGAT%C3%93RIA-NA-FUN%C3%87%C3%83O-DOS-CTGs/c1kod/57531ff50cf27b4271e09df4

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