Quando decidi que queria escrever um artigo sobre José Mendes
(1939-1974), fui ouvir suas músicas, reler "Para, Pedro!", de Ajadil
Costa (Ed. Alcance, 2002), e conversar com alguns músicos sobre sua
obra. Muitos daqueles com quem falei não esconderam verdadeira
reverência e predileção por sua obra, independentemente de suas
temáticas e linhas musicais. José Mendes é um mestre de gerações de
artistas, que o cultuam sem pejo, cada um a seu modo e tributo.
O legado de José Mendes é renovador. Parte da afluência de músicos intuitivos populares e de outros mais rebuscados (mas pouco conhecidos) para chegar à fórmula que lhe permitiu aliar melodias inovadoras e de fácil assimilação, com letras bem elaboradas, de refrões amigáveis aos ouvidos do povo. Não por acaso, suas parcerias envolviam nomes consagrados ou em ascensão na música rio-grandense, como Aírton Pimentel, Cenair Maicá, Jayme Caetano Braun, Luiz Menezes e Lauro Rodrigues. Temas como o "Roubo da Gaita Velha" seriam precursores, assim como o "Romance do Pala Velho", de Noel Guarany, falando de objetos queridos furtados na farra e nunca mais reavidos pelos donos desolados.
Uma outra faceta pioneira de José Mendes viria por meio da sétima arte. Seus filmes seriam vistos e revistos por milhões de espectadores. Certamente, quem tem uma noção de cinema deve imaginar o que seria filmar nos pagos naquela época, de escassos recursos técnicos e financeiros. Escassez de gente não, que a gauchada sempre deu conta do recado, inclusive importando as pessoas certas, como Grande Otelo.
No ano do centenário dos "Contos Gauchescos", de Simões Lopes Neto, convém lembrar a relação de confiança com seu benfeitor, Irineu Nery da Luz, à moda do conto "Trezentas Onças". Quando voltou para quitar o empréstimo que custeou seu primeiro disco, o credor não quis receber. Guardou a promissória como relíquia de aposta bem-sucedida num grande talento.
A obra do autor de "Para, Pedro!" vive no imaginário dos seus fãs, no trabalho de sua esposa, Maria Izabel Mendes, e de seu filho, José Mendes Júnior, que projeta seu nome e sua arte. Seu canto é a marca de um Rio Grande urbano e rural que se equilibra entre um passado telúrico e um futuro no qual as raízes nos fazem distintos na hora de dar um "oh de casa" para o mundo.
Fonte! Chasque de Landro Oviedo (professor, escritor e advogado), publicado na edição do dia 23 de julho do Correio do Povo de Porto Alegre - RS. Chasque eletrônico landrooviedo@correiodopovo.com.br.
O legado de José Mendes é renovador. Parte da afluência de músicos intuitivos populares e de outros mais rebuscados (mas pouco conhecidos) para chegar à fórmula que lhe permitiu aliar melodias inovadoras e de fácil assimilação, com letras bem elaboradas, de refrões amigáveis aos ouvidos do povo. Não por acaso, suas parcerias envolviam nomes consagrados ou em ascensão na música rio-grandense, como Aírton Pimentel, Cenair Maicá, Jayme Caetano Braun, Luiz Menezes e Lauro Rodrigues. Temas como o "Roubo da Gaita Velha" seriam precursores, assim como o "Romance do Pala Velho", de Noel Guarany, falando de objetos queridos furtados na farra e nunca mais reavidos pelos donos desolados.
Uma outra faceta pioneira de José Mendes viria por meio da sétima arte. Seus filmes seriam vistos e revistos por milhões de espectadores. Certamente, quem tem uma noção de cinema deve imaginar o que seria filmar nos pagos naquela época, de escassos recursos técnicos e financeiros. Escassez de gente não, que a gauchada sempre deu conta do recado, inclusive importando as pessoas certas, como Grande Otelo.
No ano do centenário dos "Contos Gauchescos", de Simões Lopes Neto, convém lembrar a relação de confiança com seu benfeitor, Irineu Nery da Luz, à moda do conto "Trezentas Onças". Quando voltou para quitar o empréstimo que custeou seu primeiro disco, o credor não quis receber. Guardou a promissória como relíquia de aposta bem-sucedida num grande talento.
A obra do autor de "Para, Pedro!" vive no imaginário dos seus fãs, no trabalho de sua esposa, Maria Izabel Mendes, e de seu filho, José Mendes Júnior, que projeta seu nome e sua arte. Seu canto é a marca de um Rio Grande urbano e rural que se equilibra entre um passado telúrico e um futuro no qual as raízes nos fazem distintos na hora de dar um "oh de casa" para o mundo.
Fonte! Chasque de Landro Oviedo (professor, escritor e advogado), publicado na edição do dia 23 de julho do Correio do Povo de Porto Alegre - RS. Chasque eletrônico landrooviedo@correiodopovo.com.br.
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