sexta-feira, 1 de maio de 2020

Reportagem cultural! Guardião da Casa Elétrica


As incríveis histórias da Casa Elétrica
Acervo da antiga fábrica de discos de 78 rotações fascinou o colecionador Milton Schmidt
Acervo da antiga fábrica de discos de 78 rotações

fascinou o colecionador Milton Schmidt

Fábio Kuhn / Divulgação / JC
Em um paiol de dois por dois, nos fundos de uma casa no interior do município de Feliz, a 85 quilômetros de Porto Alegre, suja e coberta de poeira, encontrava-se uma pequena, porém significativa, parte da história da indústria fonográfica. Alguns itens estavam quebrados. A situação era de total descaso.
 
O material, que transitava entre entulho e relíquia, despertou o desejo de Milton Schmidt, morador de Arroio do Meio. Ele sabia bem o valor contido naquelas bolachas planas de 78 rotações fabricadas em goma laca. O colecionador deu lance e adquiriu o lote. Dos 60 exemplares, lhe interessavam 18. Um aproveitamento considerado muito bom. "Foi meu melhor garimpo. Já comprei um lote inteiro para tirar três discos", diz.
 
Seu interesse era voltado àqueles que traziam ao centro o selo com a imagem de um gaúcho a cavalo e a referência de que foram produzidos em uma fábrica localizada na rua Sergipe, no então Arrabalde de Theresópolis, em Porto Alegre.
 
Na cidade de um século atrás, um empresário italiano de nome Savério Leonetti pôs em prática o ousado projeto de uma fábrica de discos e gramofones. "Fabricante dos inigualáveis gramophones Elétrica e Disco Gaúcho", dizia o reclame publicado em jornais da época. A indústria fonográfica, naquele momento, era sinônimo de modernidade e tecnologia.
 
Leonetti era proprietário de um comércio na Rua da Praia de nome A Elétrica, onde passaram a ser vendidos os aparelhos e as gravações. A loja comercializava, ainda, máquinas de escrever, duplicadores, brinquedos e itens de bazar. A fábrica ficou conhecida como Casa Elétrica.
 
A unidade é a quarta do mundo de que se tem conhecimento. A segunda do Brasil, depois da gigante Casa Edison, de Fred Figner, criada em 1900, na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro.
 
A Elétrica foi inaugurada em 1º de agosto de 1914, dia em que a Alemanha declarou guerra à Rússia, na Primeira Guerra Mundial. Ainda circulavam na cidade os últimos bondes puxados a mula, mas a linha Teresópolis já contava com os veículos elétricos da Carris, que deixavam os convidados a cerca de 300 metros da gravadora. O evento contou com a presença de autoridades como o cônsul da Itália, Giovanni Beverini.
 
"Essa experiência consistiu na gravação de diversos discos, com discurso pronunciado por um dos presentes e com números de música executados por um quinteto da Brigada Militar do Estado", noticiava o Correio do Povo no dia seguinte. A captação ainda era mecânica, feita por meio de um cone metálico, semelhante ao de um gramofone. Uma semana após a inauguração, a gravadora já anunciava 15 fonogramas em seu catálogo, entre eles, as gravações dos músicos brigadianos. No início, os discos eram prensados de um lado só, com apenas uma música.
 
Sem a potência da concorrente da capital federal, a fábrica gaúcha funcionou até 1923 - no ano seguinte, foi decretada falência com data retroativa. A indústria tinha abrangência principalmente no Cone Sul, chegando pouco ao Centro do País. O que não impediu feitos relevantes.
 
É o caso do lançamento de El chamuyo, primeiro tango prensado na América Latina, gravado pelo argentino Francisco Canaro, em 1915. Ou então do "samba carnavalesco" Yá Yá me diga, de autoria do pernambucano Raul Moraes, lançado antes de Pelo telefone, de Donga.
 
Foi a riqueza da história da Casa Elétrica que conquistou Schmidt. Colecionador desde a infância, ao descobrir o Disco Gaúcho e outros selos produzidos por Leonetti, deixou de lado as moedas antigas do período colonial, as flâmulas e os cartões postais. Aos aparelhos de rádio de época, que ocupam boa parte de sua sala, passou a preferir os gramofones.
 
Quase um século após seu fechamento, a memória da velha fábrica está preservada na pequena cidade do Vale do Taquari. "Como colecionadores, podemos nos considerar uma ferramenta importante no resgate e também na preservação do acervo e da história da Casa Elétrica", acredita.
 
Uma história em goma laca e 78 RPM
Selo Disco Gaúcho é um dos mais conhecidos da extinta fábrica
Fábio Kuhn / Divulgação / JC

Depois de muito garimpo, Milton Schmidt conseguiu comprar seu primeiro gramofone, em 2015. O aparelho foi adquirido junto a um comerciante de antiguidades no interior do município de Santa Clara do Sul, um dos tantos com quem ele mantém contato em busca de especiarias. Movido a corda, o aparelho reproduz antigos discos de 78 rotações. 

"Ele me deu junto um disco diferente, bonito, que tinha o desenho com um gaúcho montado a cavalo, coisa que eu nunca tinha visto. Aquilo me chamou a atenção e fui pesquisar. Foi aí que descortinou para mim toda a história da Casa Elétrica", recorda. 

O primeiro disco foi Flor brazileira, um tango de autoria de A. Silveira, executando pelo Grupo Cahyense, de São Sebastião do Caí. O grupo é dos frequentes nos lançamentos, assim como o Grupo Hamburguez.


A partir desse momento, ele iniciou uma coleção que já conta com 180 lançamentos da fábrica de Savério Leonetti. Todos guardados em álbuns, separados por selo e época, e rigorosamente catalogados.
 
A coleção contém, também, hinos, como o Rio-grandense, o Nacional e a Marselhesa, e discos lançados com números humorísticos, caso de Um delegado e um gago, gravado por um autor identificado apenas por Duarte.
 
Os discos são delicados. De material rígido, é necessário cuidado no manuseio para não quebrá-los. Para limpá-los, Schmidt utiliza uma solução com 10% de detergente em água e uma escova de pelos bem finos.
 
O colecionador repousa uma das gravações sobre o prato do aparelho, acerta a regulagem, dá corda cerca de 50 vezes e põe para tocar. A qualidade do som não tem a perfeição que se atribui aos discos de vinil de 33 rotações produzidos décadas depois. A reprodução gera alguns estalos e, em função da forma como foram gravados, não é possível ouvir com clareza detalhes dos instrumentos captados.
 
A trajetória da Casa Elétrica foi objeto de investigações aprofundadas de dois pesquisadores: o folclorista Paixão Côrtes e o maestro Hardy Vedana. Ambos elaboraram catálogos com o que puderam localizar de obras prensadas na fábrica. Tarefa difícil, pois as informações são desencontradas. A numeração de série dos discos não é contínua, há gravações repetidas, lançadas por selos diferentes e autorias duvidosas. A documentação da empresa se perdeu após a falência.
 
Alguns discos da coleção do nosso personagem não constam nesses levantamentos. É o caso da gravação Vale tudo, de 1914, executada pela Banda da Casa, lançada com o selo Disco Gaúcho com fundo rosa. Ou da valsa Eu te amo, lançado no mesmo, pela mesma banda, mas sem referência da autoria. "Esse controle é muito complicado para ter uma ideia dos discos que foram lançados", diz.
 
Em seu exemplar do livro de Vedana, Schmidt completa, a lápis, as obras encontradas por ele que não constavam na pesquisa do maestro. Ele prefere não ranquear suas peças por raridade. "Todos os discos da casa são raros, pela sua antiguidade, pela fragilidade e pelo pouco tempo em que foram gravados. Cada disco que tu achas deve ser festejado."
 
Quinquilharia da TV 

O fonógrafo de Schmidt: anterior ao gramofone,

aparelho reproduzia gravações em cilindro
Em uma tarde de sábado, em dezembro de 2017, o guardião Milton Schmidt assistia com a família ao programa do apresentador Luciano Huck. No quadro Quinquilharia, onde eram recuperadas e comercializadas antiguidades, a atração da semana era um fonógrafo. Anterior ao gramofone, o aparelho reproduzia cilindros com as gravações em vez de discos.
 
"Naquele quadro, ele ia na casa de pessoas que gostariam de se desfazer de alguma antiguidade. Um especialista fazia avaliação, outro restaurava e era feito um leilão", recorda.
 
O modelo do aparelho, fabricado em 1903, leva o nome de seu inventor: Thomas Alva Edison. O valor superava o desejo. Milton resistiu. Viu pelo tubo o fonógrafo ser adquirido pelo comerciante paulista, Andreas Triantafyllou, referência nacional em objetos antigos ligados à música.
 
Dois meses depois, veio o arrependimento. Ele localizou o comerciante, pagou o preço da oportunidade perdida e tem, hoje, a televisiva antiguidade na sala de casa.
 
Pauliceia de Leonetti 
 
Em uma de suas empreitadas, Savério Leonetti associou-se a Gustavo Figner, irmão do dono da Edison, Fred Figner. A parceria resultou em uma série de gravações feitas em São Paulo e lançadas pelo selo Phoenix.
 
O selo mais conhecido no Rio Grande do Sul é o Disco Gaúcho, com pelo menos três estampas diferentes ao longo do tempo. Conforme a pesquisa avança, Milton Schmidt vai descobrindo outros selos lançados por Leonetti, não necessariamente produzidos na fábrica gaúcha.
 
A Argentina já possuía um grande mercado de discos, mas não prensava. As matrizes eram enviadas à Alemanha, onde a gravação era multiplicada em milhares de discos e reenviada de volta. Durante um período, os empresários argentinos passaram a enviar as matrizes para prensagem em Porto Alegre. Foram criados ao menos quatro selos - Artigas, Tele-phone, Atlanta e Era - para exportação ao país vizinho e que acabaram pouco conhecidos no Estado.
 
Há casos de um mesmo fonograma lançado por selos diferentes, como o disco que traz a polca Ídolo e a valsa Implorando, lançado originalmente pelo Disco Gaúcho. O caso revela um selo perdido da trajetória de Leonetti, provavelmente o mais raro deles, o Apollo. Por meio dele foram relançadas diversas gravações dos primeiros anos da fábrica.

O selo não traz qualquer referência a Leonetti e à Elétrica e passou batido pelas pesquisas de Paixão Côrtes e Hardy Vedana. Foi descoberto por colecionadores poucos anos atrás. Ao comparar as obras, perceberam que se tratava da mesma gravação.
 
Garimpo analógico, garimpo digital

Paixão Côrtes com Cavaleiro Moysé (e), que gravou

pelo menos 60 obras pela Casa Elétrica /

Amigos da Casa Elétrica / Divulgação / J C
Não há um caminho certo para chegar até os discos. "Já ganhei disco de graça, já paguei R$ 5,00 e tem disco que, dependendo do negócio, tem que fazer um investimento maior", diz Milton Schmidt.
 
No seu caso, a maior parte dos achados é fruto de uma rede de contatos com antiquários e colecionadores, o que garante preços mais baixos e acesso a algumas raridades. Ele garante que nunca pagou mais do que R$ 100,00 por uma peça. A internet pode facilitar a busca, na mesma proporção em que eleva os preços.
 
"Um camarada de Porto Alegre quer R$ 4.950,00 por um disco, daquela capa ali", aponta para o disco sobre a mesa, Saudades de Porto Alegre, que ilustra a capa do livro de Hardy Vedana. "Eu tenho esse disco. Comprei por R$ 50,00."
 
A valsa é executada por Cavaleiro Moysé, o gaiteiro Moisés Mondadori, músico da casa, que gravou pelo menos 60 obras além de desempenhar outras tarefas na gestão da fábrica. Natural de Ipê, Mondadori foi homenageado em 2016 com um memorial com seu nome, uma réplica da fábrica de discos construída na cidade natal.
 
Carioca Sandor Buys diz que obras

são ainda mais raras no Rio

Arquivo Pessoal / Divulgação / JC

Outro colecionador das obras da Casa Elétrica, Sandor Buys reconhece as facilidades do comércio virtual, mas prefere o modo antigo. "Na internet, as coisas são mais caras, e não tem aquela magia. Tive a satisfação pessoal de ter vivido essa experiência de conhecer colecionadores de 70, 80, 90 anos. Tinha um saber guardado ali que estava morrendo."
 
Morador do Rio de Janeiro, onde nasceu, Buys conseguiu boa parte de seus discos por meio dos contatos que fez em viagens a Porto Alegre. Lá, eles são peças ainda mais raras. "É um grande sinal de como esses discos não chegavam no Rio na época em que foram feitos, Era um material que atendia ao Sul e a países adjacentes."
 
Um samba antes do primeiro
Yá Yá me diga, de Raul Moraes, foi gravado
em 1915, dois anos antes de Pelo telefone /
Acervo Sandor Buys / Divulgação / JC
Um "samba carnavalesco" composto por um pernambucano e gravado em Porto Alegre é uma das tantas histórias da fábrica. Yá Yá me diga é de autoria de Raul Moraes e foi gravado por Geraldo Magalhães em 1915. 
 
Somente em 1917, a Casa Edison lançaria Pelo telefone, de Donga, que ainda hoje é citado como o primeiro samba já gravado.
 
"Falam como novidade até hoje, mas, na década de 1960, Ary Vasconcelllos já falava disso, que o Pelo telefone não era o primeiro", diz Buys. A obra é a mais preciosa peça da coleção mantida pelo compositor e professor de Biologia.
Há, ainda, outras obras lançadas na época com rótulo de samba. O pesquisador Jairo Severiano já afirmou que há mais de 20 delas lançadas antes de 1917. Um dos debates em torno desse tema é sobre o que é ou não samba entre essas canções.
 
A casa em ruínas 
Área que abrigou a Casa Elétrica foi tomada por entulho e mato

Marco Quintana / JC
Meio-dia de um sábado. Três homens assam um generoso pedaço de costela, salsichão e coxas de frango em uma churrasqueira de lata nos fundos em um terreno no atual bairro Glória, em Porto Alegre. A área está tomada por entulho. São carcaças de caminhões e ônibus.
 
Um estranho arrasta o pesado portão metálico e se aproxima para espiar uma casa antiga, isolada por grades, que ocupa a parte voltada à calçada. Fala alguma coisa sobre o imóvel. "Que história tem essa casa?", indaga, rindo, um dos homens. "Aqui, funcionou uma das primeiras fábricas de discos do mundo", devolve o intruso. "Capaz", duvida um dos nativos. E segue. "Aquela porta ali está aberta, se tu pulares essa churrasqueira quebrada, tu entras pelos fundos."
 
A casa cai aos pedaços e está tomada de mato. Em pelo menos dois pontos, o telhado cede. Os acabamentos estão em péssimas condições. Não se reconhece as características originais do imóvel. Uma árvore cresce entranhada na estrutura e a ameaça.
 
Um dos homens conta que comprou as sucatas automotivas do proprietário do terreno. O dono permitiu que ficasse ocupando a área até se livrar da mercadoria. Nenhum dos três tem a menor ideia do que representa aquela construção decadente. Outro estranho se aproxima, pelo portão entreaberto. Está interessado em algumas telhas de amianto largadas em um canto.
 
A casa, que um século atrás foi sinônimo de modernidade na Capital, está, hoje, em ruínas. Um terço da construção original permanece de pé. O imóvel pertence a uma empresa de instalações elétricas que faliu em 1995 e foi tombado pelo município no ano seguinte. Em 2013, a prefeitura foi condenada em segunda instância pelo Tribunal de Justiça a projetar e executar a restauração do prédio, orçada, na época, em cerca de R$ 1 milhão.
 
Em 2015, um grupo se reuniu para tentar a recuperação do imóvel. Foi promovido um abraço ao local. Integrante do grupo Amigos da Casa Elétrica, Ricardo Eckert é uma dos principais defensores da recuperação do imóvel. Ele destaca a relevância que a fábrica tinha no contexto da época.

A Elétrica importou tecnologia da Alemanha, lançou mais de mil fonogramas e trouxe ao Estado artistas internacionais para gravar, como o cantor de tango argentino Francisco Canaro.
"A indústria fonográfica era tecnologia de ponta no mundo. Imagina a gente ter hoje, em Porto Alegre, uma das primeiras fábricas de smartphones e os maiores cientistas da informática trabalhando aqui. Na época, era a mesma coisa", compara Eckert.
 
Antes que tudo caia
Telhado da edificação está cedendo em pelo menos dois pontos
Marco Quintana / JC
Além dos entraves econômicos habituais a projetos de preservação do patrimônio histórico, a restauração da Casa Elétrica enfrenta também barreiras jurídicas, pois o imóvel é privado. A Coordenação da Memória Cultural da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre informa que abrirá um novo procedimento em relação à casa, uma nova vistoria deve ser realizada - a última foi em 2017 -, e o tema deve ser discutido pelo Conselho Municipal de Cultura.

"Temos o máximo interesse, isso é óbvio, mas precisamos trabalhar com a realidade. Não podemos ficar prometendo coisas, ainda mais com a situação jurídica, que é bem complicada", diz a coordenadora da Memória Cultural, Ronice Borges. Ela cita o caso recente da Casa Azul, na esquina das ruas Riachuelo e Marechal Floriano, também imóvel privado, onde a prefeitura conseguiu na Justiça o direito de intervir. Outro caminho possível seria buscar o reconhecimento do patrimônio imaterial da casa.

Defensor do restauro, Ricardo Eckert sugere a venda de índices construtivos para fazer a obra sem ônus ao município. A proposta foi encaminhada ao vice-prefeito em junho de 2018. Mas nunca chegou até a Secretaria de Cultura, segundo Ronice.

Para que a prefeitura possa intervir na construção, é necessária a desapropriação do terreno. A área tem cerca de 40 metros de frente por 80 de fundos.

A proposta de Eckert é que o município desaproprie toda a área, venda os índices construtivos e utilize o recurso para a reforma. De acordo com a projeção de Eckert, a venda dos índices poderia render entre R$ 12 milhões e R$ 18 milhões.

A coordenadora pondera que não é um processo simples garantir a destinação de recursos que entrem por meio de venda de índices para um projeto específico. 

Enquanto o futuro da Casa Elétrica não se define, o tempo atua sem piedade sobre a estrutura. Resta saber se ela ainda estará de pé quando houver uma definição. 

Fonte! Chasque (reportagem) do jornalista Matheus Chaparini (que tem passagens por veículos como TVE-RS, Tabaré, Jornal JÁ e A Hora, de Lajeado), publicado no Caderno Viver, da edição do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), dos dias 24, 25 e 26 de abril de 2020. Também acessível no sítio, nos potreiros da internet. Abra as porteiras clicando em: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/especiais/reportagem_cultural/2020/04/735359-as-incriveis-historias-da-casa-eletrica.html

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