A mídia nacional faz um alvoroço em função do carnaval do
Brasil, defendendo seus interesses que de certa forma exibe para nós e ao
mundo, uma situação surrealista de que o País fica estagnado, que ninguém
trabalha no período de Momo, principalmente no nordeste.
Nessa época há anos faço uma espécie de retiro espiritual,
acampo com a família e amigos em alguma beira de rio gaúcho e nesse ano só não
me acampei porque o nosso anfitrião adoeceu e suspendemos na última hora a
pescaria, como diz o ditado, enterramos as minhocas e bem podíamos ter rumado a
outro sítio, estância, mato, rio, na mesma região que tínhamos focado, em Tapes
ou noutra, pois felizmente o que não falta no estado é pesqueiro e
hospitalidade.
Resolvi dai radicalizar, pegar minha prenda e sai para um lado
que há muito me vem há mente conhecer, o Nordeste brasileiro, até a Bahia já
tinha ido, além, só do mar, por ar, para chegar à Europa.
Assim fiz, sem previsão e cá estou escrevendo á vocês nesta
segunda feira de Carnaval da praia de Cabo Branco, João Pessoa, Paraíba, depois
de ter ficado quatro dias em Pernambuco, no Recife, na praia da Boa Viagem, um
luxo. Daqui voltaremos para Pernambuco á praia Maria Farinha, município de
Paulista, mais curioso que macaco em pago novo, onde ficaremos até dia 15
quando sairemos ao aeroporto de Recife, de lá direto ao Salgado Filho, em terra
firme no dia 16 de fevereiro, retomando a vida gaúcha, sem nunca ter me
imaginado no vulcão carnavalesco que a mídia propaga.
Gente o que se vê na mídia não é real, o festival carnavalesco
aqui como ai, é para 10% da população e turistas de todo mundo e num lugar
concentrado, onde as pessoas ficam que nem sardinha em lata, mas os 90%
restante do território das cidades e do nordeste é maré muito mansa e de muito
trabalho.
É, em todos os lados tem cheiro de carnaval, tudo contem
enfeites que dizem do momento como se fosse no Natal. As casas tem enfeites, as
ruas, praças, bares, hotéis, tudo te remete ao carnaval, mas a festa está num
canto com dia e hora marcada, o resto é tranquilo como água de poço ou de coco.
Eu achei que ia me ferrar, sou dos que antes de sair pergunto:
Prá que lado está a confusão? E saio pelo outro, queria conhecer o nordeste mas
nunca no reino de Momo, acabei caindo de paraquedas do destino no epicentro da
festança á quem sabe revelar o que a mídia não mostra, que é possível fazer um
retiro espiritual no nordeste no carnaval ouvir Bolero de Ravel num sax e Ave
Maria de Gounod ao violino na beira do Rio Paraíba, seguido de forró com as
figuras de Lampião e Maria Bonita num xote, ao vivo.
O povo, está no serviço, levanta ás 4 horas para chegar ás 8 no
trabalho, como nos conta o próprio pessoal, do bar da praia, do hotel, os
ambulantes, os operários que estão no jardim dos canteiros de obras desse
litoral rico, em franca evolução sócia, econômica.
A mídia é a rede que pega peixes graúdos á virem gastar no
nordeste, na Paraíba e Pernambuco onde testemunho que nem tudo e nem sempre é
festa, mas é alegria de um povo simples, graças a Deus nativista, hospitaleiro
e progressista.
Para Pensar: Há três dias está nublado, a noite choveu muito aqui, será que
sai do Sul para fazer chover num lugar que nunca chove ou é mentira?
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