O amor pelo Rio Grande não conhece fronteiras. Não
importa onde estiverem, os gaúchos sempre nutrem o apego pela cultura do
nosso estado e, sempre que possível, fazem questão de irradiá-la para
as outras pessoas, mostrando quão bela e verdadeira ela é. Este é o caso
de um gaúcho do norte do Rio Grande do Sul que atualmente mora em São
Paulo e faz questão de manter viva sua ligação com o pago. Marcelo
Cantelli Cominetti nasceu em Barão de Cotegipe, cresceu em São Valentim e
estudou em Erechim. Desde pequeno mantém ligação com a vida campeira,
frequentava o CTG Ronda Crioula, de São Valentim, e chegou a participar
de provas de tiros de laço. Ao mesmo tempo, aprendeu as danças típicas
ainda criança e nunca mais as esqueceu.
Já
em São Paulo, Marcelo constituiu família e fez com que sua esposa,
Andréia Ferreira Cominetti, e a filha Isabela, de 9 anos, que são
paulistas, passassem a se considerar “gaúchas de coração”, como elas
mesmas dizem. A família frequenta o CTG União e Tradição desde 2001.
“Quando o Marcelo veio para São Paulo, em 2001, logo procurou lugares
onde se preservava a tradição gaúcha, como uma forma de ainda estar
próximo da terra natal. Logo que nos conhecemos ele me convidou para ir a
um baile no CTG União e Tradição, localizado em Embu, na região
metropolitana de São Paulo. Era um baile com música ao vivo e o salão
estava lotado, pois eram Os Monarcas que faziam o show. Lembro-me de que
dançamos a noite toda, embora meu vestido não fosse exatamente
apropriado. O Marcelo pediu para que eu usasse roupa social... e eu fui
de vestido longo e salto alto (risos)!”, lembra Andréia.
Ela
destaca ainda que as tradições gaúchas sempre fizeram parte da história
do casal. “Em 2002, quando viajamos para o sul, fomos a um rodeio. Em
meio ao campo, cercada de cavalos, fui pedida em casamento, com aliança
de casamento e tudo! O Marcelo estava pilchado e eu de calça capri e
regata”, recorda. A paixão pela cultura do sul passou também para a
filha, que ganhou seu primeiro vestido de prenda aos 4 anos, dos
padrinhos. “Ela dança muito bem”, revela Marcelo.
Manifestação cultural do sul chama a atenção
É
certo que a pilcha e o churrasco são marcas registradas dos gaúchos e
sempre ganham destaque, onde quer que estejam presentes. No caso da
família Cominetti não é diferente. Quando saem para ir a algum baile,
são o foco das atenções. “Vamos ao CTG com certa frequência e, como
saímos de casa pilchados, o pessoal olha com curiosidade no trânsito, no
pedágio ou na padaria. Muito amigos nossos acham legal e sempre levamos
convidados ao CTG. A maioria gosta muito porque os valores como
família, respeito e boa educação são ensinados de pai para filho”,
afirma Andréia. “Com certeza as roupas típicas chamam a atenção. Já
churrasco, todos adoram. Não é à toa que, basta dizer que sou gaúcho, e
já tenho de assumir o comando da churrasqueira”, revela Marcelo.
Segundo
a paulista, a diversificação cultural do Brasil é algo que deve ser
valorizado e preservado. “Acho o sotaque gaúcho lindo, ele representa o
quanto o nosso Brasil é diversificado. Sou suspeita para falar, pois
trabalho com edição de livros, e a língua portuguesa é minha paixão. É
impossível visitar o Rio Grande do Sul sem lembrar-se de Érico
Veríssimo. Mas também gosto muito do filho dele, Luis Fernando, com seus
textos bem-humorados e inteligentes”, conta. Marcelo explica que as
entidades tradicionalistas existentes em São Paulo mantém ações como as
invernadas adultas e juvenis e as comemorações do 20 de Setembro. “As
comemorações da Semana Farroupilha são muito boas. A maioria dos CTGs
faz”, diz.
Música gaúcha só pela internet
Um
fato que a família lamenta é a ausência das manifestações culturais
típicas do Rio Grande do Sul em emissoras de rádio ou de televisão
locais. Entretanto, essa falta é suprida via internet. “Infelizmente, a
música gaúcha não tem espaço em rádios ou TVs locais, pelo menos que eu
saiba. Em geral conseguimos sintonizar, via internet, a programação de
rádios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, assegura Marcelo. Mesmo
assim, a ligação com o Rio Grande é garantida. “Somos gaúchos onde quer
que estejamos, porque entendo que ser gaúcho é mais que nascer no sul, é
gostar genuinamente do estilo de vida campeiro, das raízes e das
tradições. E isso atravessa as fronteiras, porque a gente leva no
coração”, conta.
Fonte! Sítio Portal da Tradição de Passo Fundo RS. Abra as porteiras clicando em
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