domingo, 9 de março de 2014

O GAÚCHO ! ! !

Há muitas especulações sobre a origem da palavra GAÚCHO, mas infelizmente ninguém a decifrou definitivamente, continua o mistério. Porém, ser GAÚCHO, todos os pesquisadores que se interessaram pelo tema concordam, não é uma raça, é uma estirpe a partir de uma atividade socioeconômica com características próprias, um ser miscigenado, remanescentes de tribos guerreiras que habitavam a Argentina, o Uruguai e o Brasil no Rio Grande do Sul, nômades, hábeis cavaleiros, extremamente valentes, desprendidos de tudo, inclusive da vida, valorosos, leais, hospitaleiros, ocupados ora com a lida pastoril, ora com a vida militar em postos que iam do soldado raso a general. No entanto, somam-se nessa resultante biológica todas as demais etnias que acamparam no cone sul americano nos dois séculos, formando gaúcho de agora que atavicamente apresenta comportamento psicológico desde a vocação agrícola do tape, a agressividade do charrua e do minuano, a paz espiritual do guarani, ao aventurismo bandeirante.

O primeiro registro da palavra GAÚCHO em português foi em 1787, escrita no livro do Dr. José de Saldanha, o que prova sua existência muito antes, pois a denominação de um padrão cultural leva anos a se formar. Em 1536 foi introduzido o CAVALO de hoje na América do Sul, espalhando-se a partir de 1580, tornando-se o pampa seu melhor abrigo. Coincidência ou não, foi nessa época que surgiu o gaúcho primitivo chamado de moços perdidos de Buenos Aires, logo changueadores, gaudérios, avessos a urbanidade, de culto à liberdade, refratários à lei dos homens e a qualquer modo de vida que não fosse nas imensidões dos campos, onde desenvolveram grande habilidade de domar cavalos e lidar com gado.

Assim podemos dizer que o CAVALO e o GADO vieram primeiro que o gaúcho e que se esses não existissem, os homens do pampa seriam qualquer coisa menos gaúchos. A miscigenação do europeu com o índio, fundindo a cultura ibérica com a sul-americana, fez chegar até nossos dias, além do ser, o churrasco, o chimarrão, a música, os payadores, a poesia gaúcha culta e rica, tanto que ligado ou não à vida do campo temos gente compondo e fazendo poesia ou a lembrar da vida do gaúcho passado a suas bravatas.

Marco Aurélio Campos, autor da frase que, a meu ver, retrata com pureza todo o sentido espiritual e material desse ser miscigenado e independente, escreveu: “Eu sou gaúcho e me chega pra ser feliz no universo”; não tratava de prepotência e sim de alguém definido, resolvido no mundo.


Para pensar: Defino que para ser gaúcho modernamente não precisa ter nascido na região do Prata continentino, basta o indivíduo ter no peito um estado de espírito permanente de amor á terra e á liberdade: assim já é GAÚCHO.

Fonte! Coluna Regionalismo por Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 04 de março de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário