Nesse período de Momo a gauchada se reparte, uns gostam
mesmo da festa profana do Carnaval para ver, aplaudir e se divertir, outros tanto
que desfilam nas escolas de samba, blocos, avulsos, alguns vestidos de mulher
saem às ruas de mascarados, esses tipos esquisitos com cabeça de gato feito de
uma fronha, furada nos olhos, na boca e pintada. É algo muito gozado os grupos
de mascarados, esquisitos, quase sempre personagem afeminado e falando fininho.
Certa feira no Erval, zona sul do Estado, município lindeiro
com Arroio Grande, Piratini, Pedro Osório e Pedras Altas, eu vi uns mascarados
entrando no bolicho do Édio para comprar canha. As figuras em dois estavam meio
gaúcho meio mascarado, é, de bota, bombacha, guaiaca, espora, camiseta e a
fronha pintada na cabeça, um fumando palheiro, invadiram o bolicho da esquina da
praça dizendo em voz fininha: “Édio me
serve uma canha e nos lota esse cantil!”.
O Édio, dono da venda, sujeito branco, grande, forte com
sapato de padre, mais grosso que tarugo de pipa, lascou: “Que é isso rapas, para de te fazer de fresco com essa voz fininha,
fala como homem!”. E o mascarado retrucou na voz aguda: “Há tu não sabe quem eu sou”? O Édio – sei sim tu é filho do fulano! O
mascarado – mas como é que tu sabe se eu
estou de máscara. O Édio – Che, para
de me enche o saco, toma essa canha e te arranca daqui antes que eu te passe o
relho, não vê que tu anda com a égua gateada do teu pai? E te escapa que estão
pegando!
A dupla de esquisito saltou longe na calçada, escapando
dum laçaço por cima do balcão, montaram seus cavalos e saíram ao trote no
paralelepípedo, dando gargalhadas, empinando o cantil.
Por outro lado, há gente que aproveita o feriado e se
manda a lá muda para o campo, para o mato, curtir uma pescaria ou apenas um
retiro espiritual longe da loucura urbana. Eu sou um desses e tenho feito cada
acampamento que só vendo, na barranca dos rios, de açudes deste Rio Grande do
Sul que nos oferece terra, água, céu, ar, para que sejamos felizes, alegres,
com ou pelo carnaval.
O importante no meio disso tudo é curtir a vida de forma
saudável, sem exageros, provando sal e açúcar e todas as cores que a natureza
nos empresta.
Para pensar: A humanidade é uma grande família,
é sábio estarmos juntos harmoniosamente, mesmo que num ritual profano.
Fonte! Coluna Regionalismo por Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 25 de fevereiro de 2014.
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