Buenas Gauchada!
"Hoje vou lonquear um couro preto e tirar uns tentos prá o laço.... Assim é a vida da gente no fundão de uma fazenda. Aproveito os dias de chuva prá aumentar minha renda, faço cinto e tranço corda que a indiada me encomenda. E hoje vou lidar com corda por que amanheceu chovendo...."
"Hoje vou lonquear um couro preto e tirar uns tentos prá o laço.... Assim é a vida da gente no fundão de uma fazenda. Aproveito os dias de chuva prá aumentar minha renda, faço cinto e tranço corda que a indiada me encomenda. E hoje vou lidar com corda por que amanheceu chovendo...."
Enquanto
avivo o fogo de chão com mais um galho de lenha de angico, vou “dando uma
força” para o Walther Morais, cantando os versos que bem descrevem o dia que
está começando.
Devagarito no más, vou sorvendo um amargo topetudo
e aproveito a calma que ainda reina no galpão para organizar a lida. O terneiro
que a brasina pariu renegou a teta e eu tenho que alimentar o guacho. Ontem de
noite debulhei meio saco de milho e esse está reservado para alimentar as
poedeiras e, daqui a pouco – é só dar uma estiadinha – vou arrocinar o pingo
Mouro.
O
crepitar da lenha seca, atiçando as labaredas, me faz lembrar o convite feito
no chasque anterior, aos amigos que quisessem matear e charlar comigo. Vários
aceitaram a invitação. Alguns me telefonaram, disseram que estava tudo muito
bonito e que em outra ocasião, sem dúvida, viriam para o entreveiro.
Mas
dois amigos de primeira hora - a Nice e o Clóvis - não se fizeram de rogado:
enveredaram para o galpão. Arreganharam as portas, levantaram as folhas das
janelas para dar uma arejada na fumaça, arrebanharam um par de cepos e passando
a mão na alça da cambona preta, se enfiaram comigo no bate-papo e no chimarrão.
O mate tava mais gostoso do que caramelo de castelhano e a charla mais
espichada do que taquara de beira de corredor.
Outros
dois que deram ôh de casa foram o Mário Amaral e o Wilson Tubino. Amigaços,
poetas da mais pura cepa e grandes batalhadores em prol da cultura terrunha.
O
Mário, confrade do Recanto do Sabiá, trouxe na mala de garupa um convite para o
“20º Encontro Cultural e Artístico Recanto do Sabiá”, que se realizará de 13 a
16 de março, na barranca esquerda do Rio Ijuí-Mirim, no Município de
Entre-Ijuís e o Tubino trouxe seu livro “A Fazenda do Tchêzito”.
Aproveitando a
“Charla”, o amigo informa que esta já é a terceira edição e completa dizendo
que a obra é cultura, tradição e folclore do Rio Grande do Sul para crianças de
todas as idades.
Bueno,
A “Charla” ainda estava pelo meio quando mais dois parceiros se achegaram: o
Jairo Velloso e o Léo Ribeiro.
Os
dois vieram para matear e charlar comigo, trazendo cada um a sua maneira, a
razão que nos motivou a dar cria a “Charla
de Peão”: a diversidade essencial da alma gaúcha.
O
Jairo é cuera da Bossoroca, de alma missioneira e uma das tronqueiras que sustenta
a peleia pela cultura gaúcha naquelas plagas gaudérias e o Léo, é taura lá de
Contendas, com cerne serrano e que aquerenciado na Capital, espraia de forma
magistral a cultura nativa por todos os rincões da querência.
Parceiros,
mil gracias pela garupa.
Tchê,
se tu quiseres mais trela com algum dos parceiros, no final deixo o e-mail de
contato e se o sentimento pelo Rio Grande também faz o teu coração corcovear, entra
e pega o banquito, pois a prosa está correndo solta e o chimarrão está
encilhado. Te aprochega, enquanto eu vou lonquendo uns tentos, porque hoje
amanheceu chovendo.
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