Buenas Gauchada!
Ando mais inzibido do que guri de
campanha quando ganha alpargata nova. Tudo isso porque apareceram mais leitores
do que carrapicho em cola de cavalo solto no campo, que aceitaram o convite
para charlar e matear comigo.
Por meio de chasques, vieram para a roda
do chimarrão e fizeram uma mão na volteada do porongo, o Cândido Brasil, o Carlos
Athaydes e o Darci Dárgen, parceiros da Estância da Poesia Crioula, que para
aquentar um pouco mais a água do mate, trouxeram ajoujado nas guaiacas um
punhado da mais pura e sincera amizade.
Dos lados do Planalto Médio se achegou o
Hilton Araldi, tradicionalista e grande peleador pela cultura terrunha; Também
lá de riba, o Marcus Tatsch, o fotógrafo das Imagens Gaúchas e ainda os
comparsas da rádio Galpão do Chasque, de Curitiba, se juntaram em volta do fogo
de chão e - mate vai, mate vem - também deram um pé de estribo na nossa Charla
de Peão.
Entreverado entre os que vieram para a
mateada, apareceu o casal – e agora os mais novos amigos – Néca e Odilon
Goulart, aquerenciados no Passo das Cabras, aqui mesmo, em Cidreira.
No chasque que a parelha me mandou, veio
um monte de saudades do tempo em que eles lidavam nas fazendas da Campanha do
Rio Grande. O Odilon me disse que a Charla fez ele se sentir, de novo, sorvendo
um amargo ao pé do fogo e a Néca aproveitou para me dar um puxão nas “zoreias”,
dizendo que no rancho em que moravam, quem chimarroneava já ficava para o
carreteiro e, aproveitando a olada, me perguntou se o charque que eu estava
picando para a boia, tinha sido feito por mim.
Claro Néca, não só fui eu que fiz como
estou te mandando a mão de como se faz um charque à maneira antiga, daqueles com
sotaque de pampa e coxilha e que ia emalado nos preparos dos carreteiros.
Bueno, quando faço charque eu prefiro
usar a carne de costela, por ser tradicionalmente usada pelos estradeiros –
tropeiros e carreteiros – que eram tauras, assim como nós, de poucas pilchas e
de guaiaca apertada e também porque tem um sabor único e uma textura
diferenciada em função das fibras longas e da generosa camada de gordura.
Empeçando a
Charqueada
De um corte de costela, que uma indiada
chama janela e outros cueras dizem que é costelão, se destrincha umas quatro
mantas de mais ou menos um palmo de largura por três dedos de espessura. Se tu
ou o Odilon ficarem enrolados nas redondilhas do laço e quiserem as peças já
cortadas, falem com o gringo Flávio Piassini, aí em Nazaré e digam que querem
fazer o charque do Juarez. Ele dá a manta prontinha.
Com a carne na feição, em uma gamela de
corticeira, se prepara uma camada, gordita como porca prenha, de sal grosso. Em
riba da camada de sal vai deitada, com a capa de gordura para cima, uma das
mantas e sobre ela mais uns bons punhados de sal. Depois se repete a mesma
forma até a última tira e finaliza a lida com mais uma cobertura, no capricho,
de sal grosso.
Durante três dias a carne deve
permanecer imersa no sal, tendo que ser revirada duas vezes por dia, a o mesmo
tempo em que o líquido produzido pela mistura, também deve ser descartado.
Finalmente, se retira a carne da gamela e se deixa curando, em local arejado e
na sombra, por mais três dias e aí, está pronto o charque.
Bueno, depois de toda essa lenga-lenga,
só posso dizer: muchas gracias pela garupa, parceiros e lhes convidar para
outra roda de mate, desta vez emparceirada com arroz de carreteiro, que prometo
fazer com o charque de costela, em outra Charla de Peão.
Fonte! Coluna Charla de Peão, por Juarez Cesar Fontana Miranda (poeta nativista), publicada no Jornal Regional do Comércio, de Cidreira - RS, edição do dia 18 de março de 2014. Contatos com o colunista, mande um chasque para juarezmiranda@bol.com.br ou jornaljrcl@terra.com.br.
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Pois o Flávio Piassini, citado pelo colunista aé o mesmo gringo que morou nos Pagos do Jardim Algarve, onde era bolicheiro e foi um dos fundadores do CTG Amaranto Pereira....
Valdemar Engroff
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Pois o Flávio Piassini, citado pelo colunista aé o mesmo gringo que morou nos Pagos do Jardim Algarve, onde era bolicheiro e foi um dos fundadores do CTG Amaranto Pereira....
Valdemar Engroff
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