Certo dia um bom amigo, resolvido economicamente, que
por dificuldade existencial procurara os mais caros divãs à busca da
felicidade, disse-me que depois de tanto tempo de inquietação e inconformismo,
numa cavalgada, conversando a beira do fogo com um gaúcho, revelou seus
tormentos, reclamando que tinha tudo e que não tinha nada.
O guasca ouvinte, homem simples e rude, a quem Deus dera
a liberdade dos campos, o convívio com os animais, com a natureza e uma
ponchada de amigos, companheiros de oficio e um soldo de peão para ser feliz,
depois de ouvir por horas o infeliz, mateando, pigarreou fundo e fumaceando o
céu lascou: Amigo, sinto que és um homem
do bem, que és um realizador, que laborou para proteger a família, construiu um
império mas duvida da felicidade, buscou-a em todos as faces da terra e
retornou de mãos vazias e agora reclama da sorte.
Da nossa simples observância projeto que te distanciaste
de ser feliz porque ela não vive nos palcos da vida, ela vive dentro da gente,
a felicidade é um estado de espirito e não de coisas, o homem moderno confunde
muito, realizações com felicidade, o fato de nos realizarmos materialmente não
é sinônimo de felicidade, o verdadeiro feliz nunca está realizado, ele vive
criando e fazendo para o bem comum, que no final das contas lhe faz feliz e por
isso julgo que estás infeliz, porque realizas para si, pra poucos e não para o
mundo.
Assim sugiro que procure passar teu conhecimento de
realizador aos que não são, procure investir o que a inteligência te
oportunizou nas pessoas mais simples que sofrem pela fome, pelo frio e pela
ignorância, que ai a Dona Felicidade irá visita-la com certeza, sem precisar
que a chame, que a busque.
Dou-te como exemplo a história da vida de três
personagens que neste mês de julho marca suas passagens para a querência
eterna, três grandes homens gaúchos que ofereceram a vida os reflexos da alma,
sem preocuparem-se com seu bolso. Jayme Caetano Braun, Pedro Raimundo e Dimas
Costa, tiveram aqui, fizeram história e se foram felizes por descobrirem que na
conta do universo o saldo médio é do o que realizaste ao teu próximo e não a
ti, pela bondade e não pela ambição.
Para pensar: Saber repartir é a mais sábia das
lições para ser feliz!
Fonte! Coluna Regionalismo desta semana, por Dorotéo Fagundes de Abreu.
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