Certa feita nos festivais nativistas gaúchos o cantor e
compositor João de Almeida Neto concorreu com uma obra de sua autoria
intitulada Nova Trilha que ao final diz “Um dia deixei o campo, porque o campo
me deixou...”
Correta fora a declaração do artista, pois é exatamente isso que
as politicas públicas têm providenciado para o campo, fomento ao abandono,
instigando invasões, como se os que lá estão, vivem e gostam, tivessem sidos
plantados por algum plano governamental.
Esqueceram-se os da politicagem que os campeiros que ainda estão
no campo, lá ficaram por talento, por missão divina, por herança, por abnegação
para tratarem e colherem da terra seus frutos ao seu sustento e aos famintos das
cidades. Não é visionária as administrações públicas que olham para o campo e
seus campeiros com desdém.
A tal reforma agraria tão propalada não saiu e nem sairá dos
gabinetes, primeiro porque para ser implementada teríamos que ter no poder
gente descente, de fibra, de tutano, do bem, assim falta moral pra sua
efetivação, em segundo lugar essa história de desalojar os nativos do lugar
para implantar gentes estranhas do ninho e mais estranhas ao serviço rural, não
se trata de reforma e sim de uma cretina operação ideológica alimentadora de
vadios da urbanidade, aproveitadores que não querem nada com o trabalho, que
passarão nos pilas qualquer lote no dia seguinte da doação, venderão a terra a
outros oportunistas, ferindo de morte o sagrado e constitucional direito da
propriedade.
Dia 5 de maio é o Dia do Campo e portando dos campeiros
legítimos, que sabem do tempo bombeando as nuvens do céu, do período de plantar
e de colher, de entourar e lidar com o gado, do homem rústico que sofre em
família pelas goradas safras, que chora quando sacrificam terneiros matrizes,
por abigeato, por pestes, por enchentes ou por seca.
Mas apesar de todos os pesares o campo tem engordado a nação,
sim as barrigas do povo, das elites e dos cofres públicos, garantindo inclusive
há décadas a balança comercial deste país que gasta o que não devia, que vai se
endividando gulosamente, colocando no ralo o sangue e o suor da Pátria verde e
amarela como os trigais.
A ti homem e mulher campeira, nutrimos e rendemos o maior afeto,
desejando a maior felicidade pelo Dia do Campo, por que sem vocês ai haveriam
muito mais agonizantes de fome nas cidades do que já temos, e como escreveu o
poeta do Jaráu – Luís Menezes: “Se a
honra perdura o Rio Grande está salvo, sairá do abandono e grito o índio
ecoando no pago dirá novamente que esta terra tem dono!”
Para pensar: O campo gera a produção
fundamental e não primária!
Fonte! Coluna Regionalismo, por Dorotéo Fagundes de Abreu.
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