sexta-feira, 21 de junho de 2019

O Gaúcho e o Paulista em 1825.

Já destacamos várias outras vezes aqui sobre o fato do tropeiro não ter origem gaúcha e sobre as vestimentas e costumes paulistas. Nesta obra o francês Jean-Baptiste Debret, retrata a diferença do peão gaúcho e o tropeiro paulista em meados de 1825, destacando as claras diferenças indumentárias entre o homem gaúcho primitivo, e o homem tropeiro paulista.
"Nossa missão na OSP é justamente conscientizar o paulista sobre sua identidade, cultura, tradição e história."
O GAÚCHO:
Os gaúchos habitavam a região baixa do atual Rio Grande do Sul, nas fronteiras do que correspondem o Uruguai e a Argentina.

Nessa época os gaúchos não tinham as características que comumente acostumamos a associá-los. O gaúcho não utilizava a bombacha, mas calça ceroula e chiripá, e só começaram a utilizar a bombacha posterior a Guerra do Paraguai em 1870. As tradicionais botas de cano baixo eram restritas aos estancieiros abastados, enquanto os peões se restringiam aos "farrapos", nome que posteriormente daria nome a sua mais icônica revolução: A Revolução Farroupilha. Na época não existia ainda uma indumentária que caracterizasse de fato o gaúcho como conhecemos hoje, já que era uma região de constantes conflitos e disputas de influências de todo tipo.
O PAULISTA:
O paulista e sua indumentária nada mais é do que uma adaptação para o clima frio, de picadas e de mata fechada que correspondiam as serras do RS, SC, PR, SP e Sul de MG, sua vestimenta era perfeita para este ambiente, já que o protegia de quase tudo.

A vestimenta foi adaptada pelos bandeirantes paulistas para as suas incursões no comércio de tropas de mulas que eram trazidas por eles dos pampas até as terras paulistas, tendo claras heranças na vestimenta dos bandeirantes(que também trajavam poncho).

Os bandeirantes paulistas foram tanto os descobridores de ouro nas Minas Gerais, quanto aqueles que marcaram o inicio da origem do tropeirismo. Estes homens já tinham conhecimento das mulas xucras na Argentina, iniciando assim o ciclo do tropeirismo de muares no Brasil, sendo os bandeirantes os primeiros tropeiros da história.
Nessa época os paulistas já utilizavam uma calça do tipo bombacha(como retratado por Debret), mas não era regra, as calças estreitas eram as mais comuns, e usavam bota de cano alto de couro não-polida do tipo "russilhona", também herança bandeirante.
Usavam chapéu de aba larga, que o protegia da chuva, da neve das serras catarinenses e do sol, utilizava facão tipo sorocabano ou de cabo de prata, armas de fogo, além do seu tradicional poncho grande e comprido, comumente da cor azul escura. 

Era um traje típico tanto dos habitantes da capital paulista quanto do interior, o paulista utilizava-se da indumentária tanto em suas viagens quanto em seu dia-a-dia.

A herança cultural deste tipo paulista antigo podemos encontrar nos dias de hoje na rota dos tropeiros em todo o Sul e São Paulo, além do Sul de Minas Gerais.
Conclusão:
-Podemos afirmar que o gaúcho hoje nada mais é do que o resultado de uma mistura de índios charruas, minuanos, castelhanos, portugueses e os bandeirantes e tropeiros paulistas (que deixaram sua herança cultural concentradas nas serras rio-grandenses).

Nos dias de hoje podemos encontrar algumas referências da diferença do gaúcho da fronteira e o gaúcho da serra(o biriva), de influência tropeira paulista.

Os serranos rio-grandenses, catarinenses e paranaenses além de usarem o tradicional poncho dos paulistas antigos, utilizam também um chapéu mais largo, uma calça mais estreita em relação a bombacha folgada da fronteira gaúcha e uma bota de cano alto que vai até o joelho, destacando a influência dos tropeiros paulistas no seu trajar.

Esta indumentária hoje é comum entre os tropeiros de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

O paulista tropeiro além de influenciar no trajar, influenciou também na música e no comer.
-Na música e dança: os fandangos sapateados, o fandango primitivo com pandeiros e violas caipiras, a dança dos facões e etc.

-No comer: arroz carreteiro, feijão tropeiro, café tropeiro, cuscuz paulista, paçoca de pinhão, galinha caipira ensopada, afogado e etc.

O "R" retroflexo caipira também é uma herança não só de bandeirantes, mas destes tropeiros paulistas que deixaram sua marca linguística desde o norte rio-grandense, transpassando as serras catarinenses, até chegar no paraná, onde a pronúncia caipira já é quase a regra.

No passado os gaúchos primitivos apelidavam os paulistas e seus descendentes de "birivas", por seus costumes diferentes na forma de comer, trajar, falar e dançar.
Enfim, o tropeiro paulista foi com toda certeza, juntamente com seu antecessor (o bandeirante), bravos homens que cruzaram e atravessaram os mais difíceis ambientes para que pudessem prosperar em suas vidas.
Provando que até hoje o paulista possui o mesmo espírito do paulista antigo: não espera nada dos outros, mas busca o resultado de seus próprios méritos.
-Rizzoni
Fonte! Sítio Facebook Orgulho de ser Paulista -  https://www.facebook.com/OrgulhoSP/ 

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