Somos incansáveis em afirmar que a mulher, na formação
social, política, cultural e econômica do Rio Grande do Sul teve e continua
tendo um papel importantíssimo, tanto que os exemplos vem de muito cedo, já lá
nos idos de 1835 com a Revolução Farroupilha, encontramos notáveis mulheres que
ao lado de seus homens realizaram maravilhas e mais, depois que eles partiam
para a guerra ou para a eternidade, eram elas que ficavam aguentando o repuxo
nas casas, fazendo a vida girar, tocando a lida do campo, gerenciando tudo em
suas propriedades, inclusive peleias quando algum atrevido investia contra as
estâncias.
Assim, de Dona Caetana mulher de Bento Gonçalves a Anita
Garibaldi como mulher de Josep Garibaldi, marcaram indelevelmente a trajetória
feminina vitoriosa nos campos meridionais.
Da Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita
Garibaldi, nascida em (Morrinhos, Laguna, 1821 — tendo falecido em Mandriole,
Itália, em 4 de agosto de 1849), que ficou conhecida como a "Heroína dos
Dois Mundos", nos certificamos, foi considerada uma das mulheres mais
fortes e corajosas da sua época.
Anita era descendente de portugueses imigrados dos
Açores à província de Santa Catarina no século XVIII, provinha de uma família
modesta. O pai Benito era comerciante em Lages e casou-se com Maria Antônia de
Jesus, com a qual teve seis filhos.
Após a morte do pai, ela cedo teve que ajudar no
sustento familiar e, por insistência materna, casou-se, em 30 de agosto de
1835, aos catorze anos, na Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos da Laguna, com
o sapateiro Manuel Duarte de Aguiar que veio depois de três anos de matrimônio,
alistar-se no exército imperial, até como provocação a ex-mulher que segundo
historiadores, nunca amou e nem teve relações intimas com o marido.
Durante a Revolução Farroupilha, depois Guerra dos
Farrapos, o guerrilheiro italiano Giuseppe Garibaldi, a serviço da República Rio-grandense, participa da tomada do porto de Laguna, na então província de
Santa Catarina, onde conheceu Anita, foi um encontro de amor platônico, ele a
viu do navio e foi ao seu encontro até o portão da casa, e largou – tu vai ser
minha mulher! Ficaram juntos pelo resto da vida de Anita, que seguiu Garibaldi
em seus combates em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai (Montevidéu) e
Itália.
A valentia dessa mulher era tanta que na batalha de
Curitibanos, no início de 1840, Anita foi feita prisioneira, mas o comandante
do exército imperial, admirado de seu temperamento indômito, deixou-se
convencer a deixá-la procurar o cadáver do marido, “supostamente morto na
batalha”. Em um instante de distração dos guardas, ela tomou um cavalo e fugiu.
Após atravessar a nado com o cavalo o rio Pelotas, chegou ao Rio Grande do Sul
e reencontrou-se com Garibaldi em Vacaria.
Em 16 de setembro de 1840 nasceu o primeiro filho do
casal, que recebeu o nome de Menotti Garibaldi, em homenagem ao patriota
italiano Ciro Menotti. Depois de poucos dias, o exército imperial cercou a casa
e Anita que novamente fugiu a cavalo com o recém-nascido nos braços e alcançou
o bosque onde ficou deitada por quatro dias, até que Garibaldi a encontrou.
Assim sem nunca desanimar os dois concluíram sua
trajetória aqui, foram para o Uruguai e finalmente para Europa para dar cabo ao
que Garibaldi preconizara antes de dar os costados na pampa, a unificação da
Itália.
E no dia 4 de agosto de 1949, essa valente mulher
faleceu, deixando uma história exemplar feliz, embora marcada pelas
dificuldades dos estados da guerra, que o amor não maculou, prevaleceu em nome
da liberdade com dignidade. Por isso saudamos neste agosto Anita e todas as
mulheres que tem em seus homens como seus cúmplices em tudo.
PARA PENSAR: Seguir
o que manda o coração é atender ao destino!
Fonte! Chasque "Regionalismo" desta semana, por Dorothéo Fagundes de Abreu.
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