quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O MUNDO DOS FESTIVAIS NATIVISTAS!

A era dos festivais nativistas no Rio Grande do Sul, iniciado em 1971 em Uruguaiana, desencadeou um processo de valorização regional singular, pois essa gente da corrente artística passou a cantar tudo sobre nosso estado dentro de nossos ritmos que há época, fora dos centros de tradições, eram ridicularizados.

Os compositores passaram a explorar temáticas desde a formação estadual, aos temas mais atuais da vida social gaúcha, então em milongas, vaneiras, rancheira, bugios, xotes, valsas, mazurcas e depois de 1990, introduziu-se a chamarra, o chamame, rasguido doble e zambas, para que pudéssemos saber da nossa história, da lida campeira, de temas sociais, políticos, de amor, ecologia e por ai a fora.

Isso fomentou economicamente o estado, setores antes de pouca expressão ganharam mercado como o de indumentárias, livros, discos regionalistas, estúdios de gravações, municípios antes desconhecidos fizeram festival e se destacaram turisticamente, na mídia surgiram em todos os níveis programações focadas a cultura da terra, inclusive no cinema e na publicidade nossos usos e costumes ganharam espaço.

Curiosamente na década de 1980 o setor da erva-mate passava por um período falimentar perdendo valor de mercado por falta de consumo, o governo federal incentivando o plantio da soja, sucumbiu nossos ervais quase que a extinção, dando espaço as férteis terras missioneiras da llex-paraguariensis à nova lavoura, mas a força do regionalismo recuperou o costume do chimarrão nas cidades e de lá para cá a erva-mate não perdeu mais prestigio. 

No mercado artístico nasceram ídolos regionalistas estaduais de fama nacional e internacional, tanto que mesmo havendo em torno de 30 festivais nativistas no Estado que já teve 100 eventos dessa natureza por ano, uma força jovem talentosa é crescente a cada década produzindo em grande estilo, letra, poesia e literatura em culto da terra gaúcha.

Tapes não ficou atrás, muito pelo contrário, em 1975 criou pelo consagrado Grupo os Tapes, de José Cláudio Machado, Waldir e Cláudio Garcia, dentre outros o 1º ACAMPAMENTO DA ARTE GAÚCHA para em janeiro, cantar, debater e propagar nossa cultura, evento que tomou pela sua ideologia proporções espiritualmente gigantescas, mesmo sendo para poucos e elitizado.

O tempo passou e Tapes agora realizou sua 19ª edição, em fevereiro, aberto ao povo evento que em matéria de estrutura e público já tem formato dos grandes festivais, vindo resgatar a força espiritual dos idealizadores, promovendo feria de artesanato regional, livro e palestra sobre os aspectos que nortearam e que devem ser seguidos no fomento da nossa cultura que se assemelha com o ciclo das safras em especial a do arroz e da pecuária, que a cada ano nos aperfeiçoam.

Para pensar: As safras guardam o DNA do tempo do plantio a colheita! 




Fonte! Coluna Regionalismo, por Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 12 de fevereiro de 2014.       

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