sexta-feira, 2 de novembro de 2012

AOS FERROVIÁRIOS

No dia 31 de outubro é o Dia do Ferroviário e o poeta De Bem Osório um dia escreveu: A coisa mais linda que Deus pôs na terra, foi o apito de trem…

Eu bem me lembro quando guri em Uruguaiana, que sempre que ouvia o apito do trem ao longe, sai correndo para a rua, para vê-lo passar, abanar para o maquinista e contar os vagões. O maquinista era um homem maduro, cara envelhecida que nos olhava com um sorriso no canto da boca, numa expressão de cansaço e por certo de alívio, depois de ter passado a noite inteira ou o dia inteiro naquela janela que nunca a vi fechada, nem no inverno e nem em dias de chuva, a percorrer distâncias da fronteira a capital.

Tinha o trem passageiro e o de carga, o passageiro – cruzava mais rápido, mas dava para ver os viajantes mexendo no bagageiro, pegando as sacolas, pois a estação estava muito próxima e por certo a ansiedade de chegar, rever amigos, parentes era grande. Já o trem de carga – passava mais lento, às vezes com duas máquinas, uma na frente e outra no fim, empurrando a comitiva ou comboio que era formado alguns de vários tipos de vagões para carga, tinha vagões de gado, graneleiro, containers, tanques que vinham com petróleo para a destilaria rio-grandense, que deu origem a Ipiranga, e outros que iam ou vinham da Argentina.

Os trens argentinos eram maiores que os nossos e de banda mais larga, por certo mais estáveis, alguns eram perfumados quando cheios de maças, cheiravam a cebola ou a alho, e cumpriam o mesmo ritual dos trens brasileiros, iam e vinham atalhando a cidade, no balanço com o som das rodas nos trilhos, tataque, tataque, tataque, tataque, cortado quando em vez por um apito longo.

Há que saudade daqueles tempos de guri, que olhavam nos trens o destino, o despertar curioso de querer saber o que tinha no lugar de onde vinham! Mas logo que eles passavam esse querer desaparecia e tudo voltava ao normal, corríamos para o pátio de casa para continuar outra brincadeira ou terminar a missão que a mãe nos tinha dado, varrer, limpar, ajeitar, carpir na volta da casa e isso nunca nos tirou pedaço, nos fez homem.

Hoje os trens estão desaparecidos, as estradas estão crivadas de caminhões, carros e buracos, sobram trilhos, porque a política preferiu assim, mas sinto que a qualquer dia, voltaremos a ouvir os apitos dos trens nos campos, nas cidades, levando e trazendo as pessoas, a nossa produção e com certeza, outros gurizes como eu fui, correão para vê-los passar, deitarão a cabeça nos trilhos para ouvir se o trem está na linha e acenarão aos novos maquinistas, alegres na janela por viverem transportando a vida.

Para pensar: Como conclui o poema do De Bem Osório, “a vida é um vagão e nós somos os passageiros”.
 

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 Fonte! Coluna Regionalismo por Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 01 de novembro de 2012.

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